terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Post.it: Abraços grátis

Outro dia cruzei-me com um grupo de jovens que oferecia abraços grátis. Sorriu-me o peito celebrando a iniciativa.
Por momentos pensei, estarão eles carentes de afectos? Estaremos nós necessitados de abraços?
Sem dúvida que o gesto encerrava também outra mensagem que desejavam passar. Que num mundo dominado pelo materialismo, há presentes, gestos, que não têm preço, que dinheiro algum os pode pagar. Que há ofertas que não se podem embrulhar, porque são demasiado grandiosas e papel algum as cobriria, caixa alguma as condicionaria.
Mas a verdade, é que estamos carentes de gestos, de atitudes desprendidas, de corações que sejam portas abertas a um convite de afeição, de atenciosos cuidados. A verdade é que andamos de braços cruzados com receio de os estender ao outro. Entregamo-nos facilmente ao comodismo de relações descomprometidas, porque nos parece ser mais fácil ficar sentado, frente ao computador, “conversando” horas infinitas com alguém que verdadeiramente não conhecemos e que não nos conhece, que não sente a nossa mágoa, o nosso calor humano. Porque a tecnologia, embora já permita enviar som e imagem em tempo real,  ainda não consegue deixar passar através dos cabos de fibra óptica o calor da vida a correr-nos nas veias. Desconhece quem está do outro lado, o nosso percurso, por vezes sereno dessa existência, mas desconhece igualmente, os momentos em que no peito nos dilacera um vazio crescente. Porque se é verdade que nos escudamos de laços afectivos e se já não temos de partilhar abraços, o contrário também acontece, porque não os recebemos, porque os sentimos ausentes de nós.
Felizmente ainda há quem nos ofereça abraços grátis, laços cada vez mais ténues duma sociedade que nos distancia e torna pequenas ilhas de cibernautas.
Espero, acima de tudo, que nunca se esgotem os abraços grátis. 
Eu tenho muitos para vos oferecer.

8 comentários:

  1. Anónimo27.12.11

    Olá, gostei do seu post.it. De lembrar esta iniciativa que deixou todos com um sorriso no coração. Tenho a mesma opinião em relação às amizades virtuais, são um escape para a solidão, mas também podem ser vistas e sentidas como uma coisa muito efémera. Temos muitos amigos, mas quando precisamos de algum, que nos dê um abraço, só mesmo os amigos reais porque os outros foram teclar com pessoas com alto astral. Um grande beijo, Adelaide

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  2. Anónimo27.12.11

    Percebo bem o que sentes. Mas por vezes só nos apetece uma palavras amável, que nos façam sorrir. Que nos façam esquecer as amarguras da vida. Perante as amigas não as podemos esquecer e por mais que seja bom um abraço, há momentos em que apenas queremos esquecer e seguir em frente. Bjs A.

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  3. Anónimo27.12.11

    Também fui abraçada por estes jovens cheios de vontade em partilhar um pouco de calor humano. Tal calor nunca passará através dos computadores. Por mais que a tecnologia avance. Beijocas C.

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  4. Anónimo27.12.11

    Adorei estes abraços, e ainda por cima grátis. Agradeço todos eles e retribuo. José

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  5. Anónimo27.12.11

    Bem sei que os teus abraços nunca se esgotarão. Mesmo que os ofereças através de fibra ótica, chegarão certamente a todos os que deles precisam. Já agora podes mandar-me uns, estou a precisar deles. Leonor

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  6. Anónimo27.12.11

    Tens razão em tudo o que dizes. Há coisas que não têm preço, talvez as melhores. Aquelas que só valorizamos quando as perdemos. Coisas que nunca poderemos encontrar no conforto do nosso lar em frente a um computador. Onde tudo começa e acaba com o premir de um botão.

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  7. Anónimo27.12.11

    Também recebi alguns abraços grátis. Foi uma bonita iniciativa. Deviam ir a lares de idosos e oferece-los, porque são eles os mais esquecidos por amigos e familiares. Nem sequer têm os virtuais. Porque não ir até lá e deixar um pouco de calor humano.

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  8. Anónimo27.12.11

    Ainda há alguma coisa grátis? Não deixem que o governo saiba porque se não vão taxar com algum imposto. Mas gostei da ideia e tenho a certeza jamais se esgotaram os abraços grátis. Agradeço a tua oferta e se arranjares um tempinho, prometo retribuir em dobro. Mário

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