quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Post.it: Presépios de vida

Aproximamo-nos do Natal, e o Presépio volta a ser construído nas ruas ou nas nossas casas. Mas quando o tema é o  Presépio, de imediato a nossa lembrança cultural navega para aquele que aconteceu há mais de 2000 anos e, que é contado todos os anos de uma forma renovada. Em presépios de esplendorosa arte. Presépios que entrelaçam a sensibilidade artística, com a liga de ouro, prata, marfim, pedra, madeira ou cristal. Mas há outros, que nos deixam sentimentos diferentes, não de adoração, mas de espanto e ternura. Presépios que acontecem numa ambulância a caminho do hospital mais próximo. Mas também é presépio aquela cabana ou barraca por onde entram a chuva e o vento. É presépio a rua, o beco sombrio, onde uma mãe abandonada, sem-abrigo e sem tecto, dá à vida um novo ser, sem lhe adivinhar um futuro promissor. Foi presépio o caixote do lixo onde uma vida recém-nascida é encontrada e, por um novo amor cuidada. É presépio um barco que encoberto na penumbra noite, tenta passar a fronteira no sonho de dar aos seus filhos um vislumbramento de felicidade. É presépio aquela cela de prisão onde a vida nasce já aprisionada por um crime que não cometeu.
Tantos e tantos presépios que acontecem a cada instante da história, presépios onde, sem meios e sem aconchego, recebem em amor, a única oferta que o maternal coração lhes pode dar. Sejamos presépio, não só agora que se aproxima o Natal, mas sempre que uma vida precise do nosso apoio para crescer e ser feliz.

8 comentários:

  1. Anónimo7.12.11

    Adequado a esta época, seja de advento, seja de crise económica e de valores. Escrito ao seu estilo, encaminhador, encorajador. Deixando no ar que nem tudo é mau quando no coração ainda há lugar para o amor. Um grande beijo, Adelaide.

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  2. Anónimo7.12.11

    Já estava a ver que te esquecias do Natal! Mas impossível, nunca o farias, porque és aquilo que defendes Natal é sempre que tivermos vontade de nos dar aos outros. Adorei ler este presépio de vida, ou melhor de vidas que tentam vencer a adversidade para ser feliz.

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  3. Anónimo7.12.11

    Minha linda, cá estou neste dia cinzentinho, a despertar com os teu pos.it. Foi um lindo despertar, para este Natal, que nos queixamos de ser mais pobre, mais triste, mais vazio. Vazio na carteira, é bem verdade, mas devia estar bem recheado no coração. O teu tenho a certeza, transborda e espalha-se em amor. Beijoca C.

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  4. Anónimo7.12.11

    Não sei como consegues ser assim, tão concreta nas palavras, tão terna nas emoções, tão generosa no partilhar. Adoro os teus posts, quase que são pequenas crónicas, de alerta e de esperança. Feliz Natal, bjs. A.

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  5. Anónimo7.12.11

    Já se impunha uma referência à época estival. Já se impunha um texto que despertasse as mentes empedernidas no limite do seu horizonte. Já se impunha o seu abraço que chega a todos de uma forma generosa. Porque você aqui faz com que o Natal seja todos os dias. Um abraço, Antero.

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  6. Anónimo7.12.11

    Ser feliz é um estado de espírito já o diz Jung. Não se é feliz por se ter tudo, por lhe oferecerem o mundo embrulhado no mais lindo papel. É-se feliz na medida em que temos objectivos, e que lutamos por eles. É feliz uma mãe que dá à luz. nem que seja numa manjedoura, numa barraca, numa cela de prisão. É-se feliz por aquela vida que recebe nos seus braços e cujo objectivo é oferecer-lhe um futuro. Sandra B.

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  7. Anónimo7.12.11

    Fiquei muito enternecida com este texto, com cada presépio que todos sabemos acontecer no nosso país, ou no resto do mundo. Mas contado assim com a tua habitual ternura, deixou-me a pensar, no quando nos distanciamos de tudo isto, construindo o nosso presépio, tentando que nada lhe falte, mas falta-lhe sempre algo, que outros nada têm, possuem, união… bjs, Amália

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  8. Anónimo7.12.11

    Gosto do que escreves, já não é novidade. Novidade é sempre os que escreves, pela forma como nos contas de uma forma diferente, histórias que por nós já passaram, mas não lhes demos valor. Obrigada pelos abanões que nos dás carinhosamente. Leonor

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