quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Post.it: Eclipses solares

Há pessoas que são um sol de tão positivas, de tão radiantes perante a vida e na superação das suas adversidades. São um sol, por verem um pequeno raio de luz em cada túnel que temos que atravessar. Permanecem um sol mesmo quando as nuvens de inverno o encobrem na sua densidade de lágrimas.
No entanto há outras pessoas que são a lua, na sua penumbra sempre hesitante, sempre perscrutando nessa quase escuridão algum obstáculo, duvidando que ele não exista mesmo quando não o encontram. O seu olhar esconde-se nessa fase lunar sem se deixar iluminar pelo sol dos outros, sem se deixar aquecer pelo seu calor, sem se permitir a recepção de um abraço de esperança. E por mais que a languidez da lua queira inibir o fulgor do astro rei, o calor deste derrete-lhe o esplendor dos seus argumentos, desarma-o com a ternura do seu sorriso. Contudo há momentos em que o próprio sol duvida da vitória perante a obstinação, a acutilação das palavras, a amargura das expressões lunares. E de repente a natureza enuncia-nos o sentido destes desencontros. Talvez o sol e a lua tenham que existir em vidas opostas e, só em pequenos momentos conheçam alguma consonância de sentimentos e aconteça a singularidade celeste do eclipse solar ou lunar.
Por mais que goste da lua, quando o seu luar me acalenta as noites. Por mais que aprecie a beleza dos eclipses, não deixo de pensar nos que permanecem do outro lado da lua, que desenvolvem a aridez do sentir, que permitem que a escuridão os invada e não aceitam nem um raio de sol para iluminar o rumo da sua existência. E atrevo-me e sonhar com a hipótese: Quem sabe no próximo eclipse, o sol prenda definitivamente a lua no seu abraço…

6 comentários:

  1. Anónimo28.12.11

    Espero que a mensagem chegue a todas as fases da lua. Lá onde estão escondidas pessoas que gostaríamos de encontrar aqui, debaixo do sol. José

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  2. Anónimo28.12.11

    Um excelente exemplo da disparidade de personalidades. Compatíveis num determinado momento. Mas normalmente corrosivas da harmonia relacional. Com muita insistência, com muito amor, quem sabe conseguimos arrebatá-las dessa escuridão e mostrar-lhes que a luminosidade do nosso sentir lhe pode ser benéfico. Não desistam de lhes iluminar a vida, porque elas muitas vezes querem mas não conseguem sair dela. E no seu desespero acabam confusas e aparentam insensibilidade perante o sentimento e a maneira de ser dos outros. Bjs, Sandra B.

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  3. Anónimo28.12.11

    Saltitas de tema para tema, como se tivesses recados a passar. Alguns mais discretos outros mais claros, mas todos eles querem dizer-nos algo. Deixa-me dizer que me senti um pouco atingida, bem sabes que sou um pouco lunar, por vezes tenho as minhas “luas” de inconstância. Felizmente tu és um sol na minha vida e não recuso nunca a tua luminosidade. Beijocas C.

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  4. Anónimo28.12.11

    O dilema entre o sol e a lua é longínquo no tempo, transposto para a humanidade, aplica-se muitas vezes a pessoas que embora se relacionem nunca conseguem encontrar a plena harmonia do viver em comum. Gostei muito da sua explanação, do seu apelo às pessoas lunares para que se deixem iluminar por corações solares. Um grande beijo, Adelaide

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  5. Anónimo28.12.11

    Conheço algumas pessoas que vivem do outro lado da lua, mesmo na sua escuridão e só se sentem bem a ferir os outros. Sinto que é por inveja do sol que irradiam. Perante este tipo de pessoas normalmente afasto-me porque são nefastas para si e para os outros.

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  6. Anónimo28.12.11

    Gostei da comparação, uma forma doce de dizer que há pessoas positivas e generosas e outras sempre negativas e não sabendo dar-se aos outros também não sabem reconhecer o que se lhes dá. Amália

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