quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Post.it: I need you now

Agora que o coração entardece,  nas  horas  anelantes dum suspiro.
Agora que o sono não me adormece, na espera que desespera o existir.
Agora que Inverno me anoitece, mas o olhar te procura na bruma do horizonte
Agora que a memória me esquece, sem nunca te esquecer.
Porque busco em ti o sentido, que a vida nunca teve no desenhar do caminho
Num destino que não é nosso, mesmo quando o escrevemos com linhas de luar.
E sinto o sonhar desvanecido, em anos dum tempo que o peito aconchegou.
Num querer, que querer já não posso, viver assim, neste precipício de mim.
Preciso de ti enquanto é tempo, de aprisionar o último alento do nosso sol
Mas o tempo já faz a nossa história, páginas em branco que é preciso escrever.
Antes que sejam asas de vento, na derradeira tentativa de tocar o infinito.
Morrendo sem ânimo nem glória. Sem a coragem de ir mais além do ser.
Preciso de ti enquanto me és, fôlego, riso de Primavera que nos faltou cumprir.
Encanto dum mar navegante, onde fui navio em terra sem a ternura das tuas águas.
Feitiço de tão doces marés, que somente vislumbrei no meu eterno devanear.
Meu ser é de ti, eterno expectante, que apenas beijei na orla da tua brisa.

11 comentários:

  1. Anónimo14.12.11

    Bonito post.it, mas isso já não é novidade. A novidade para quem não conhece a tua forma de escrever, é o que ele esconde. Os mais distraídos nem devem dar por isso, mas cada linha tem um verso que lido na vertical é um poema. Já tinha saudades das tuas brincadeiras. Guardo muitas das coisas que escreveste nas aulas quando éramos estudantes. Fazias versos em qualquer direcção, que se liam de baixo para cima ou em diagonal. Sempre dominaste a arte da escrita. Bjs Amália

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  2. Anónimo14.12.11

    Um poema dentro de uma prosa poética. Um poema ao estilo barroco em que se escondia a mensagem para ser entendida apenas por quem era dirigida. Fiquei encantado com a sua capacidade de escrita. Um abraço, Antero

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  3. Anónimo14.12.11

    Gostei muito de ler este post.it, um querer agora antes que o tempo nos deixe sem tempo para ser feliz.

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  4. Anónimo14.12.11

    Gostei do que li, mas gostei também do título, tenho a certeza que te referes igualmente à canção que adoro Need you now, da Lady Antebellum, quase tão bonita como o teu post.it. Beijocas, C.

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  5. Anónimo14.12.11

    Mais um que vou colocar no meu facebook, os meus amigos gostam muito de ler este pequenos/grandes recados que nos deixas.

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  6. Anónimo14.12.11

    Emprega expressões muito bonitas, muito generosas no sentir. Fiquei a saborear algumas “nas horas anelantes dum suspiro” Porque tal como o seu o meu “ coração já entardece”, quase vi a “bruma do horizonte” nessas “linhas de luar”. E com tanto mar “fui um navio em terra sem a ternura das tuas águas” Quem é que ainda escreve assim, com essa sensibilidade? Obrigada, Um grande beijo, Adelaide

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  7. Anónimo14.12.11

    Quase que me escapava à leitura este poema escondido na prosa. Mas já conheço o teu estilo de por vezes complicares as coisas para ver se estamos atentos. Lembro-me bem das coisas que escrevias no liceu e na faculdade. A teoria do balde que se lia de baixo para cima, um saber que filosófico que se ia adquirindo. Porque é que não publicas estas coisas? Adorava voltar a lê-las aqui. Bjs A.

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  8. Anónimo14.12.11

    Quantas vidas já encontrei quase a mergulhar no seu abismo? Muitas, que sentem que lhes faltou cumprir a Primavera, que o Verão lhes fugiu veloz e que o Outono as subjuga e condena ao gelado Inverno. Sabes bem do que falas, com um olhar que vê e sente, a sua e a dor dos outros. Sandra B.

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  9. Anónimo14.12.11

    Minha amiga, permite que te chame assim, porque ao ler o que escreves, sentimos que entramos na tua intimidade, que já te conhecemos um pouco. E do que conheço, partilho das mesmas ideias e sentimentos. Obrigado por cada amanhecer na tua tão agradável companhia. Alberto F.

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  10. Anónimo14.12.11

    Obrigado em nome de cada coração que entardece. E desejo que cumpram as promessas da sua Primavera e que consigamos sempre navegar na ternura dos nossos mares. José

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  11. Anónimo14.12.11

    É verdade, muitas vezes falta-nos a coragem de ir mais além, de tocar o infinito, de cumprir cada Primavera que se oferece a nós renascida de flores. Adorei ler-te.

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