sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Post.it: A velha e o mar


Se eu visse mais além da linha do horizonte, por esse mar adentro, por onde se me naufragou o coração quando se afundou com o teu. Partiste, tão jovem, se me visses agora, o meu rosto onde o tempo cavou rugas, caminhos por onde desceu a saudade, derramada em tantas lágrimas que aumentaram este mar que um dia nos separou. Se me visses agora, ainda terias desejo de voltar para o cais do meu peito? Este cais que tantas vezes te abrigou dos ventos e vendavais para ser o teu refúgio. Lembro-me do teu olhar marinheiro sempre distante como quem sonha. O que sonhavas, questionava, envolta no ciúme, quem sabe com outro cais? Sorrias com uma tranquilidade de maré, “sonhava com o dia em que ancorarei na tua praia e jamais terei que partir". 
Agora, fico aqui neste porto que te viu partir e nunca mais regressar. Permaneço aqui presa, não na esperança, mas neste mar que se tornou o teu lar, e neste porto onde a minha alma se aportou.

8 comentários:

  1. Anónimo12.8.11

    Tens sempre algo a transmitir, não sei como consegues tal riqueza de ideias e sobretudo a forma como as descreves. Voltei a ler o teu perfil, tens razão tu não escreves, pintas, quadros de vidas e de emoções. José

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  2. Anónimo12.8.11

    Muito bonito, dava o início de um livro, que tal começares?

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  3. Anónimo12.8.11

    Gostei, adorei, fez-me pensar também no Velho e no mar, temos que os casar o que dizes?

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  4. Anónimo12.8.11

    Que prosa linda, conheço aquele olhar distante, já o senti, já quis que ele chegasse muito longe para não perder quem de mim se afastou. Mas o tempo passa e temos que aprender a largar, a esquecer. A transformar a dor em boas lembranças que não semeiem em nós amargura. Não me canso de dizer que você escreve lindamente e com alma de artista. Continue a navegar e nunca nos abandone. Um grande beijo. Adelaide

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  5. Anónimo12.8.11

    Depois de te ler, o que dizer? Não sei, fiquei com os pensamentos a navegar. Fui até aquele porto, apeteceu-me ficar por lá, com o coração preso àquele mar, por onde vão vidas que nunca mais regressam. Lembrei-me das minhas perdas, fiquei com uma nostálgica tristeza, mas regressei, temos que deixar os já partiram e amar os que estão na nossa vida. Agarrá-los bem e amá-los muito. Beijos A.

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  6. Anónimo12.8.11

    Amiga, obrigada por cada pedacinho de vidas que nos ofereces em cada dia, não sei se as encontras, ou se elas existem no teu coração. Sei apenas que são lindas, reveladoras da pessoa que és. Beijocas C.

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  7. Anónimo12.8.11

    Mais post.it daqueles que me deixam sem palavras, a sonhar. Vi a velha no cais, à espera, os cabelos brancos ao vento. Fiz-lhe companhia, esperei com ela, na esperança que do mar viesse o meu marinheiro. Vês? até eu que não tenho jeito algum para a escrita fico inspirada. Bjs Leonor

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  8. Anónimo12.8.11

    Fiquei a navegar, fui esta velha, na sua eterna espera. Não estamos todos nos nossos cais à espera de algo que chegue. Aquilo a que chamamos felicidade.

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