sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Post.it: No canto da circunferência

Sozinha no meio da multidão, por entre vozes que nada lhe dizem, que lhe deixam a alma vazia. Nesse mar feito deserto de paixões, nem um oásis se vislumbra. Caminhos, tem tantos, mas nenhum lhe parece uma opção. Todos eles a levam para o mesmo labirinto existencial. Quando o sol já se apaga e o luar ainda demora. As luzes da cidade apenas criam mais escuridão. Será lá fora, será em si, tem tantas perguntas, mas tão poucas respostas. Caminha devagar, cumprindo mais um final de dia que é para si o começo. Vive na esquina da vida, ali onde o amor e desejo se cruzam sem se tocarem. Encontros instantâneos de nada que a mente idealiza, como um princípio que não o chega a ser. Rostos sem nome, incógnitos nas sombras da noite. Quando os primeiros raios da manhã varrem o que resta das silhuetas, a vida sem pressa arruma-as por mais um dia, num qualquer canto da circunferência.

9 comentários:

  1. Anónimo5.8.11

    Título estranhamente inverosímil, quem diria que a circunferência tem cantos? Mas depois desta abordagem acredito que é lá que estão essas vidas improváveis. Diluindo-se na multidão quando a manhã desperta. Um abraço, Antero

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  2. Anónimo5.8.11

    Uma curiosa metáfora sobre as pessoas que se escondem mas simultaneamente estão prisioneiras nesse círculo sucessivo dos dias e das noites.

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  3. Anónimo5.8.11

    Sempre inovadora no uso das expressões, aqui o impossível torna-se possível, a circunferência tem cantos onde nos escondemos duma realidade que nos condena e nos remete para a margem, num círculo sem princípio nem fim. José

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  4. Anónimo5.8.11

    Este post deixou-me de boca aberta, não pelo tema, mas pela abordagem subtil. Tão recôndita que levamos algum tempo a perceber que a mensagem está lá. Depois a descoberta, leva-nos a reler, agora com o coração e ficamos com vontade de quebrar essa circunferência para lhe permitir uma linha recta sem cantos. Bjs A.

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  5. Anónimo5.8.11

    Quantos se escondem nos cantos da vida, em busca de soluções, de mudanças que não alcançam. Um canto que os limita mas simultaneamente protege do mundo que não os compreende e que critica. Entram num círculo de vida que querem quebrar mas as circunstâncias da vida e da sociedade não lhes permite. Adorei esta imagem muito clara e real, de alguém (quantos de nós) está no canto da circunferência. Esta é mais uma daquelas que vou guardar e usar como exemplo para fazer com que saiam desse círculo. Sandra B.

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  6. Anónimo5.8.11

    Gostei tanto de ler esta mensagem que não sabendo dizer das muitas que já li qual a minha eleita, esta deixou-me um silêncio constrangedor. Imaginei alguém que vive no canto da circunferência. Tão visível e tão escondida aos nossos olhos que se recusam a ver. Um canto impossível, como o impossível de situações que muitas pessoas vivem, quem entram nesse círculo e não conseguem sair dele. Obrigada pela sua oferta de ver a vida de olhos abertos. Um grande beijo, Adelaide

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  7. Anónimo5.8.11

    Caramba amiga, onde é que tu vais buscar estas visões? Adoro o teu olhar sobre o mundo. Beijocas C.

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  8. Anónimo5.8.11

    Adorei, mas o título é um must! Mário

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  9. Anónimo5.8.11

    No canto da circunferência, apreciei a metáfora. O esconder-se, sem o conseguir fazer, pela dificuldade de aí encontrar um canto, um recanto, onde possa encontrar o isolamento que pretende. No entanto é desde logo a sociedade já aí a coloca, numa exclusão não voluntária. Um verdadeiro dilema. Uma bela chamada de atenção.

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