segunda-feira, 8 de abril de 2013

Post.it: Onde nascem as palavras?


Onde nascem as palavras? Nos livros apressa-se alguém a responder. Porque é assim que a nossa memória imediata funciona, no agora, esquecendo-se que houve um antes. Esse antes, quando nasceram as palavras. Mas onde? Continuei a inquirir, onde nascem as palavras? 
Não questionei por ignorância mas por curiosidade. Porque bem sei que as palavras sempre existiram, desde que romperam o silêncio da oralidade e muito antes quando puseram fim ao silêncio do pensamento e do sentir. 
Quando se juntaram a outras para expressar uma vontade, um desejo, uma dor, uma tristeza, uma alegria. As palavras nasceram dentro de nós, quando o choque de neurónios produziu um relâmpago e a trovoada ressoou na nossa voz. 
Era apenas um som sem aparente significado mas que passou a significar muito quando foram recebidas e amadas por um receptor atento e ávido delas. Então as palavras deixaram de ser palavras, passaram a ser sentimentos. Claro que expressos por palavras, escritas, lidas, ouvidas, sentidas, mas de repente todos esqueceram a origem das palavras para ficarem apenas atentos à sua mensagem.
As palavras, na árdua tarefa de conjugar letras para formar frases cada vez mais elaboradas, refinadas, eloquentes, eruditas, perderam-se muitas vezes algures entre a razão e o coração e sendo as mesmas desde há milhares de anos, concluímos um dia que por vezes é preciso reaprende-las e mesmo entendê-las no seu silêncio. Lá, onde nascem as palavras.