sexta-feira, 12 de abril de 2013

Post.it: Diário das minhas memórias


Deixa-me falar-te de tudo aquilo que nunca lhe direi olhando nos olhos. Chama-lhe timidez, chama-lhe orgulho magoado, chama-lhe receio do fracasso. Chama-lhe o que quiseres, porque não irei ouvir. Escondo-me em ti, meu diário, confessor dos meus dias, omissor das minhas noites. Contador das minhas histórias, das minhas guerras, das minhas, poucas vitórias. Guarda nas tuas páginas os meus segredos, porque hoje, vou escrever tudo aquilo que gostaria de lhe dizer.
Hoje, vou abrir-te o coração, vou oferecer-te os meus mais ternos ensejos e afogá-los nos mais loucos beijos. Tenho tanto para te dizer, tantos sonhos para repartir contigo, tantas fantasias para viver contigo. Tantos planos, tantos momentos que crio só para nós. Guardo no olhar todos os pôr-do-sol que poderíamos partilhar. Todas as primaveras que veríamos florir. Todos os verões mergulhados na frescura do  mar. Todos os outonos caminhando numa passadeira de folhas caídas. Todos os invernos à lareira bebendo um cacau entre gargalhadas quentes. Sim, porque nos idealizo felizes, sem pensar na chuva que cai lá fora, que desce pelas ruas. Não nos importa o lamento uivante do vento apelando para entrar nas nossas vidas e a revolucionar.
Deixa-me confessar-te que perco os sentidos quando imagino o calor das tuas mãos aconchegando as minhas, não, não te rias por elas serem pequeninas, sabem fazer tantas coisas, não sabes quantas… Mas não te guardo segredos, as minhas mãos podiam oferecer-te um arco-íris para fazeres dele um colar; podiam trazer-te uma nuvem para descansares o teu cansaço do final do dia; podiam recolher algumas estrelas do céu para iluminar o teu leito quando fosses dormir.
As minhas mãos são pequeninas, é verdade que são mas não adivinhas como elas escrevem numa velocidade vertiginosa todas as palavras que o coração lhes dita com ânsia para te oferecer.
Deixa-me dizer-te tudo o que sinto. Antes que a razão me tolde os sentimentos e venha como uma mãe sensata roubar-me a ternura do momento. O único momento que me pertence, o único ideal que detenho. A herança que te deixo da minha parca existência. Esta poesia meio louca.
Estes laivos de dor/ A que poderia chamar amor/ Sinceros e desordenados/ Tantas vezes, desapontados/ Desesperados de esperança/ Que deixo aqui, nesta lembrança.