segunda-feira, 15 de abril de 2013

Post.it: Alguém para me sentir


Já me viste chorar, já me viste rir. Aqui, onde me dispo perante ti, nas histórias vividas, nas histórias sentidas. Nas histórias que me passam diante do olhar por este rio da vida que segue, por vezes alheio à nossa vontade.
É aqui que te olho de frente  sem medo de cair no abismo das emoções. É este olhar que te rouba do silêncio e te restitui a voz, sem se esconder no receio do desconhecido.
Claro que emolduro o retrato, claro que ilumino o breu de cada dor, claro que pinto aqui e ali um arco-íris de positividade, claro que construo um sorriso em lábios que já não sabem sorrir. Mas a verdade é que estou aqui, nas entrelinhas, nas vírgulas, nos pontos finais e sobretudo nas exclamações, porque nunca deixo de me surpreender com as vidas, tal como são elas vividas.
Mesmo quando me apontas laivos de fantasia, peço-te, não analises tão friamente o que sinto, o que deixo de mim nestas linhas, afinal, já basta cada manhã que não trouxe o sol, já basta esta primavera com ares de inverno, já basta cada sonho que sabemos finda com o despertar, já basta a noite sem dormir, já basta a felicidade que nos parece fugir. 
Precisamos de esperança, precisamos de acreditar, precisamos de ver a paisagem dos dias com mais cor, precisamos que o coração bata com mais amor.
Já me viste tal como sou, tal como me dou e mesmo assim dizes que nada sabes sobre mim...
Na verdade, sou cada história, onde estou. Porque tal como elas apenas desejo encontrar, “alguém que me saiba definir”, “alguém que me saiba sentir”.