quinta-feira, 31 de maio de 2012

Post.it: Porque estou aqui e não aí


Um dia, suponho, vou saber o porquê das coisas que acontecem, que escoam das nossas mãos, que se derramam do coração e que, por mais que queiramos, não conseguimos deter ou desviar a corrente.
Um dia, suponho, vou entender o significado de cada lágrima que derramei em vão, cada clamor que não encontrou eco na gruta de outra existência que, por um fugaz instante, quase tocou a nossa.
Um dia, suponho, vou compreender e tornar mais simples os grandes dilemas do ser humano,  vou quem sabe, encontrar a solução para cada teorema que a vida continuamente me coloca.
Um dia, suponho, vou deixar de fazer perguntas, aceitar o caminho e não olhar mais além do que a vista alcança, quem sabe, então aprenda a valorizar o que vejo e não o que vislumbro num olhar de ilusão.
Um dia, suponho, vou parar de correr para braços fechados. De transpor altivos muros, de rasgar fronteiras. Vou, quem sabe, até deixar de escrever e de dizer palavras que deixas caídas a murchar no chão, como se fossem flores que te esqueceste de regar com um sorriso.
Um dia, suponho, vou ter alguma certeza, mais que não seja a de que me deste o silêncio porque nada mais tinhas para me dar. E nesse dia vou deixar de querer encontrar para tudo um sentido, porque talvez ele nunca tenha sequer existido.
Nesse dia, suponho, vou saber a resposta para estar aqui, justamente aqui e não aí, onde sem saber porquê sempre quis estar.
Um dia, suponho, vou deixar de te sonhar, vou despertar e quem sabe o que esse dia me vai finalmente revelar... Algo de bom, suponho…

10 comentários:

  1. Anónimo31.5.12

    um dia quem sabe... quem sabe, um dia...

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  2. Anónimo31.5.12

    Não tenho feito comentários mas continuo muito atento a tudo o que escreves. E suponho, como tu, que um dia encontraremos o sentido para a nossa mera existência, enquanto isso não acontece, continuamos meros aprendizes. Beijos, Rui

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  3. Anónimo31.5.12

    Penso que este texto conclui o anterior. Somos nós na nossa infindável busca por respostas que colocamos quando parece que tudo nos quer fugir. Vale a pena insistir, desistir, esperar? Suponho que o melhor é deixarmo-nos ir. Beijos Filmena

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  4. Anónimo31.5.12

    Suponho, usando a tua expressão que algo se concretizará ao longo do tempo. Não tudo, até porque por natureza somos complicados e insatisfeitos. Mas algumas certezas vão ganhando forma e comandando as nossas opções. Alberto F.

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  5. Anónimo31.5.12

    Também esperava encontrar a resposta num suposto dia, quando a idade ou a maturidade o permitisse. Mas a verdade é que a cada certeza que encontramos novas dúvidas se levantam. Mas é bom porque nos tornamos mais atentos, mais gratos por tudo o que já conquistámos. Um grande beijo, Adelaide

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  6. Anónimo31.5.12

    Este texto fez-me lembrar um pouco a canção do A. Variações. “Estou bem, aonde não estou. Porque eu só quero ir. Aonde não vou”. Um dia iremos e estaremos bem onde estamos. Ou como tu dizes, suponho.

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  7. Anónimo31.5.12

    Gostei deste diálogo interior. De tão intimo que quase conseguimos ver a linha de reflexão, de desejo. Parece que encontrou o caminho e sabe por onde vai. Bj. A.

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  8. Anónimo31.5.12

    Será que um dia descobriremos a solução para os nossos dilemas? Duvido, à velocidade que os criamos, seremos sempre ultrapassados pelos problemas enquanto buscamos a solução.

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  9. Anónimo31.5.12

    Um dia, não suponho, tenho a certeza que tudo de bom te acontecerá. E encontrarás o sítio certo onde deves estar. Seja onde for, que seja sempre perto da nossa amizade. Beijocas. C.

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  10. Anónimo31.5.12

    Os textos desta semana revelam algo de continuidade entre eles. A busca de um caminho, muitas dúvidas, algumas certezas. Bjs, Leonor

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