segunda-feira, 14 de maio de 2012

Post.it: Biografias


Contam histórias de vidas para que não fiquem esquecidas. De onde vêm, para onde vão. O que fizeram, o que fazem para estar aqui, para merecerem ser notícia, para venderem revistas ou livros. E nós que os compramos, por curiosidade ou por admiração nem sempre conseguimos saborear com prazer a leitura que antevíamos enriquecedora. Folheamos cada página, lemos todas as letras com a avidez de quem procura algo, sem encontrar. Porque não descobrimos a verdadeira pessoa, em nenhum parágrafo, não a reconhecemos em cada frase, não a sentimos em cada palavra.
Resta um estranho vazio, uma deceção na nossa esperança de chegar mais perto, de quase lhe sentir a alma vibrante de vida ou de memórias.
Sentimo-nos traídos no ideal que construímos com pequenas sementes afeição. Fechamos o livro e cresce-nos na alma um lugar despojado da sua lembrança, essa que a fez crescer, quase a tornando um herói invencível, incorruptível, sólido, convicto da sua verdade. Fechamos o livro, dessa história que nos deixa órfãos de um modelo que vislumbrámos sem encontrar uma correspondente imagem. Porque, na verdade, todos precisamos de heróis, necessitamos de ídolos, de mentores que nos sirvam de exemplo. Um exemplo de sabedoria, de virtude, para fazermos deles o nosso caminho, para lhe seguirmos as pegadas.
Acabamos por reconhecer, que são apenas seres humanos, como os seus defeitos, com as suas dúvidas.
Não são caminho de ninguém, porque nem eles sabem para onde vão. Sabem apenas que vão. Nós vamos também, talvez acompanhados, talvez sozinhos, enquanto seguimos em busca do destino, escrevendo nele a nossa biografia.

7 comentários:

  1. Anónimo14.5.12

    Todos necessitamos de heróis. Eis algo que negamos quando nos tentamos enganar. E a certeza disso é que os buscamos nos outros. Nas pessoas que endeusamos, nas relações afectivas. É o nosso espirito de filhos que de vez em quando vem à superfície e necessitamos de encontrar alguma solidez na periclidade dos nossos dias. Não é grave, mas pode tornar-se se a escolha dos nossos heróis recair sobre alguém que em vez de nos ajudar ainda nos afunda mais. Sandra B.

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  2. Anónimo14.5.12

    Gostei muito destas biografias. Gosto realmente de saber o percurso de vida das pessoas que admiro. Quanto a heróis, não sei se acredito neles, são como dizes apenas seres humanos. Por isso elegi-te a minha heroína, pela tua amizade e por tudo aquilo que nos escreves, com a beleza do teu olhar. Beijocas, C.

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  3. Anónimo14.5.12

    Há biografias que nos deixam mais de vazio do que de preenchimento. Porque há vidas que são, tal como as nossas, cheias de rotinas. Por isso as embelezam e enaltecem. Mas depois quando as lemos percebemos que são uma fabricação, porque lhes falta o essencial, coração.

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  4. Anónimo14.5.12

    Curiosa esta abordagem. Na verdade por vezes também sinto algo semelhante, que as biografias são um mero conjunto de factos bem ou mal arrumados. Falta-lhes o humano. Talvez porque na sua maior pare serem escritas por outras pessoas. Que investigam e compõem um puzzle.

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  5. Anónimo14.5.12

    Lindo. Adorei estas biografias que nem sempre contam a proximidade que nem sempre encontramos dessa pessoa. Amália

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  6. Anónimo14.5.12

    Sabes que penso isso muitas vezes. Não por cusquice, não para saber os segredos recônditos mas para saber o ser humano que são. Leonor

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  7. Anónimo14.5.12

    Prefiro as entrevistas às biografia. Cansa-me ler um amontoado de acontecimentos, de sucessos e fracassos. Alberto F.

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