O
que não daria para ter a tua paz escrita nos gestos que elevas dançantes, quase
inebriantes de luz.
O
que não daria para ter a tua lucidez, a suavidade das palavras que proferes sem
mágoa. Por mais que o caminho te tenha magoado, recusas-te a ser um copioso inverno,
“para quê se as flores precisam de sol e eu preciso do seu aroma?” dizes numa
voz cantante de rio.
O
que não daria para conhecer os segredos do teu destino, aquele que te trouxe
até aqui, nessa limpidez de espirito e benevolência.
Então
na minha humildade, sublimo-te, piso as pegadas dos teus passos, faço as mesmas
pausas para aliviar o cansaço. Imito-te os gestos, mas sinto-os desastrosamente
grotescos perto da singeleza dos teus. Bebo as tuas ideias sempre tão
singulares na sua quietude, quando tento repeti-las, morrem-me nos lábios
porque não fazem sentido na minha boca.
Então
paro, desço da montanha que subi para ficar à tua altura e deito-me a teus pés.
Há pessoas que nunca poderemos igualar, mesmo que tentemos repetir a sua imagem,
seremos sempre e apenas uma frágil imitação, uma débil cópia. Porque a sua
personalidade nasce de uma fonte mais profunda, lá onde o coração se espraia em
longínquos enlaces que tocam com serena doçura o infinito. Aceito a derrota do
meu périplo e compreendo que a melhor forma de te homenagear é descobrir
contigo e aceitar-me tal como sou, uma mera aprendiz da Vida.
A sua escrita contém um admirável poder de síntese. Não é um estilo fácil, este que adotou para expor as suas ideias. Porque manter a profundidade em tão poucas linhas tem o seu mérito. Mas prender o leitor levando-o no sentido que pretende é algo que não é para todos. É preciso conhecimento aliado a talento. Um abraço, Antero
ResponderEliminarSempre soube que escrevias, mas não sabia que eras assim tão inspirada. Quando comecei a ler-te no blogue fiquei agravelmente surpreendida, com consegues escrever tanto e coisas tão bonitas? És já quase mestre da vida. Bjs. A.
ResponderEliminarDizer que gostei é apenas uma repetição e o que escreve merece muito mais. Mas tu sabes que a escrita não é a minha área. Por isso desculpa, mas vou continuar a dizer que gostei de cada texto que escreves. Bjs, Amália
ResponderEliminarViver é uma longa aprendizagem. Nem todos a fazem da mesma forma. Porque na maior parte do tempo estamos a fazer escolhas. A seguir modelos que nos parecem os melhores. A humildade de se reconhecer um mero aprendiz, é talvez o primeiro passo para tirar da vida a verdadeira lição, que devemos viver em conformidade com o que somos. Sandra B.
ResponderEliminarUns sofrem de um tipo de humor, cinzento, apelidado de rainymood. Pessoas complicadas, sarcásticas, de difícil convivio.
ResponderEliminarOutros aão Deuses de um Olímpo inantigível.
Quem me dera ser uma delas, ou, pelo menos, ter o prazer de conecer alguém dotado de tanta beleza.
Todos precisamos de mentores, de modelos, de heróis, que amamos, que admiramos, que imitamos. Os primeiros são os pais, quando tentamos que se orgulhem de nós, quando lhes calçamos os sapatos, imitamos os gestos, e até usamos o seu perfume. Depois vêm os amigos, os amores, os professores, até ao dia em que se tornam apenas lembranças para recordar. É a altura em que seguimos em frente com um pouco de todos eles ao que juntámos muito de nós.
ResponderEliminarSerá uma pessoa de quem falas ou será da vida num sentido figurado? É uma dúvida que não quero resolver porque me basta ficar pela leitura literal do texto sem nada mais questionar. Beijos, Filomena
ResponderEliminarMinha linda, quando leio as coisas especiais que escreves, sinto-me grata por ser tua amiga. Beijocas, C.
ResponderEliminarA vida, transformada ela própria na personificação de uma existência serena, segura e bela. Uma delícia de texto! Mário
ResponderEliminarVisitar-te tornou-se um hábito matinal de que não prescindo. Transmites uma energia que me faz bem sentir no começo do dia. Alberto F.
ResponderEliminarTodos somos aprendizes da vida. Uns melhores alunos que os outros. No final do (ano) veremos nas notas
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