terça-feira, 20 de março de 2012

Post.it: Um minuto sem solidão

Quando nos conhecemos, perguntaste-me de que era feita a minha vida.
- De dias, de muitos dias, sem grandes histórias para contar, respondi. E a tua questionei.
- De 100 anos de solidão…
Por um momento, por um breve momento, ao ver-me refletida no teu olhar, sonhei que afastaria para todo o sempre essa solidão. Depois, quando os teus olhos voaram para lá do horizonte, quando o teu sorriso esmoreceu, entardeceu-me o coração e uma penumbra lunar invadiu-me o sentir.
Ansiei ainda desenhar no teu querer, um ano sem solidão, mas o silêncio já cavava sulcos ondulantes nas profundidades do teu mar, enquanto partias no embalo da corrente.
Um dia! Gritei por dentro da alma que se calava gentil, com receio de te ferir os sentidos e, esperei anelante, uma resposta que não veio.
Uma hora! Ainda me atrevi a sussurrar no fôlego de um suspiro que caiu por terra ao perder a razão de existir.
- Como vai a minha vida? Feita de dias, muitos dias, sem grandes histórias para contar. E a tua? Pergunto ao vento que passa.
Enquanto esboço no ar traços sinuosos duma esperança que te pede, um minuto!
 Apenas um minuto, aquele que vais perder a ler este pequeno escrito. E ao te adivinhar aqui, sinto completo esse minuto, que me perdura no peito como se fosse uma hora, um dia, um ano, ou todo o sempre, em que se afasta a tua, ou quem sabe a minha, solidão.

13 comentários:

  1. Anónimo20.3.12

    Nunca deixes de lutar nem que seja por um minuto para pores termo a qualquer solidão. Porque não te conhecendo presencialmente, conheço-te aqui e sei que nunca desistirás de estar presente quando tudo o resto termina à volta de quem já só tem 100 anos de solidão. Sandra B.

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  2. Anónimo20.3.12

    Adorei este minuto em que estive aqui (contigo). Gostei tanto que resolvi ler e reler para que os minutos se transformassem em horas. Mas não tinha todo esse tempo, porque o trabalho já me chama. Mas prometo reler mais tarde para acabar com a minha e quem me dera com a tua solidão. Luis

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  3. Anónimo20.3.12

    Minha amiga, quem não tem solidão para sentir dentro do peito? Uma solidão que pode ter um nome específico, ou apenas a sensação de que algo nos falta. Mas é verdade quando estou aqui, por alguns momentos que não sei se são um minuto, sabem-me a uma doce eternidade na tua companhia. Amália

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  4. Anónimo20.3.12

    Gostei deste texto, que é em prosa, quase um poema. Triste, muito triste, mas encerrando uma mensagem de alegria no desejo de terminar com a sua ou a de outra pessoa. Espero que consiga, porque ninguém deve viver 100 anos de solidão com dias muitos dias sem grandes histórias para contar. Beijos, N.

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  5. Anónimo20.3.12

    Há sempre quem tente elevar-nos a moral. Há sempre quem tenha a coragem de lutar por nós, de nos chamar quando estamos à beira do abismo. Há sempre quem consiga tirar-nos da solidão. São pessoas especiais, com um coração maior que o universo. Ainda bem que há pessoas como tu que nos oferecem estes minutos que se prolongam em nós por muito é muito tempo. Bjs A.

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  6. Anónimo20.3.12

    Quem escreve partilha um pouco de si, da sua solidão, do seu coração. Quem lê recebe e preenche a sua solidão de coisas boas e sente-se por alguns instantes na companhia do autor/a. É essa a magia da literatura. ´Por isso aqui venho todos os dias partilhar consigo bons momentos. Por isso aqui deixo os meus comentários para tornar visível a minha presença e o meu reconhecimento por aquilo que nos oferece. Grato. Um abraço, Antero

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  7. Anónimo20.3.12

    Tenho a certeza que conseguiste atingir os teus objetivos e que neste oferta por um minuto muitas pessoas não sentiram a solidão e que talvez permaneça no seu coração por horas, dias, meses e todo o sempre. Leonor

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  8. Anónimo20.3.12

    Minha querida amiga, sempre doce no que escreves. Fiquei derretida com este (pequeno) escrito. Com esta tentativa arrebatada de por termo a uma solidão, que não reconheceu o gesto. E por isso prolongou mais ainda os seus 100 anos de solidão. Beijocas, C.

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  9. Anónimo20.3.12

    je t'embrasse.

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  10. Anónimo20.3.12

    É verdade contigo nunca se sente a solidão. Gostei muito de ler este pequeno grande escrito. Alberto F.

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  11. Anónimo20.3.12

    De que é feita a vida? De dias. Felizmente de muitos dias. Porque me habituei á sua presença que preenche a minha solidão, que não é de 100 anos mas já não fica muito longe dessa contagem. Um grande beijo, Adelaide

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  12. Anónimo20.3.12

    A minha solidão acabou, e já tu estás a pensar numa qualquer razão. A razão és tu, a tua amizade e este blog. Beijos, M.

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  13. Anónimo20.3.12

    Entristeceu-me esse desejo de colmatar essa solidão órfã de um querer que lhe afaste esse despovoamento do peito. Duma emoção que complete a sua e juntos encontrem o sentido de existir sem ela, solidão não voluntária. Solidão de quem a sente tornar-se 100 anos em si. Lindo este minuto que fez no meu dia a diferença dos outros sem grande história.

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