quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Era uma vez: À espera do amor

Gostava de inventar histórias que contavam a vida que queria ter e criavam o amor que desejava viver. E escondia-se nesse mundo criado à imagem do seu desejo. Inventava e vivia cada história como se continuamente recomeçasse, vivesse e partisse, para novamente começar, viver e partir. Era como sonhar e tentar viver o sonho.
Neste viver irreal, os anos passavam e as vidas contadas tornavam-se cada vez mais exigentes e afastavam-na mais e mais do mundo real. Não se importava, deixava-se ir e vivia, amava e era feliz nesse mundo inventado que transformava em letras, palavras, frases, textos, histórias e livros de esperanças e caminhos, que faziam sonhar quem os lia, porque abriam horizontes e libertavam o amor.
Nas histórias, o amor podia ser de todas as cores e ter todas as formas. E ninguém a criticava. Pelo contrário, era admirada pela coragem de escrever com liberdade e por contribuir para a mudança de mentalidades e atitudes. Nas histórias, ela reinventava o amor, fazendo-o grande e verdadeiro, sem traições e sem censuras.
Mas na vida real não era assim. O amor? Não podia vivê-lo. Teria de se libertar das amarras que soltava quando escrevia, mas que ainda prendiam o seu próprio espírito e lhe tolhiam a vontade, impedindo-a de ser livre e de amar à sua maneira e a quem queria.
Enquanto a coragem não chegava, escondia-se e confortava-se nas histórias que inventava e, nelas, fingia que a vida era ali e que o amor a escolhia, sem barreiras e sem preconceitos, sem vergonha e sem medo. E esperava pelo amor real como quem se prepara para abrir a porta e partir, à luz do dia, num caminho novo.

2 comentários:

  1. Anónimo2.12.10

    Estou sempre à espera das suas histórias. Esta é triste, mas tem esperança. As pessoas nem sempre se sentem compreendidas e recuzam-se a viver porque se sentem diferentes. Fez-me lembrar o amor gay ou entre raças diferentes e também as desigualdades sociais. Tanta incompreensão. Mas isso está a mudar. Para as pessoas com deficiência também ainda há muitas barreiras. É o meu caso. Também estou à espera do amor. Mas acho que já não vai chegar. Refugio-me na leitura e na net. Escreva mais. Também gosto muito dos poemas e post.it, mas gosto mais das histórias. Obrigado.

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  2. Anónimo5.12.10

    Gostaria dizer,que compreendo as suas revelaçoes...sò que a uma contradicçâo, um amor real tem outras regras,e sabe muito bem disso,è preciso saber e ter talento a viver lo dentro dos seus sonhos e a realidade ,acho que a uma categoria de pessoaS QUE NÂO CONCEGUE ,MAS ISSTO NÂO SIGNIFICA QUE NÂO SABEM SER FELIZES...lendo essa historia nâo me paresse que esta infeliz...pelo contrarario ...e uma alegria ler as suas historias.

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