segunda-feira, 24 de junho de 2013

Post.it: Uma felicidade sem sorriso

Não sorri, mas também não é infeliz, uma frase que me ficou no pensamento. Imagino sempre que felicidade se vê no rosto, que se reflecte no sorriso. Que uma face séria não é feliz ou então está impregnada de botox
Na realidade pode-se ser feliz sem revelar a felicidade, pode esconde-la no peito, abraçar-se a ela à noite com receio que fuja na madrugada. Pode-se caminhar como se flutuasse numa nuvem e no entanto os passos mantêm-se firmes a quem olhar. 
Decidiu disfarça-la de solidão, decidiu guarda-la na algibeira não vá alguém rouba-la. Afinal, revela, já lhe furtaram tantas coisas ao longo da vida, roubaram-lhe a esposa, a filha, o emprego, a saúde, o dinheiro, até o sorriso, esse já nem se lembra quando lho roubaram, talvez naquele dia em que o trocou por um mar lágrimas que entretanto secaram em tantos lutos, em tantas batalhas perdidas.
Não sorri, mas também não é infeliz. Garante com a placidez dos anos passados. Aprendeu a viver a felicidade a conta-gotas, como se fosse um remédio para o coração e ele vai batendo devagar como se já tivesse poucas forças para levar o sangue ao lesse corpo carregado de anos, de lembranças, mágoas, mas também de alegrias, essas que agora o tornam menos infeliz, apesar de já não conseguir sorrir.