terça-feira, 4 de junho de 2013

Post.it: Não há amor como o primeiro?

“Não há amor como o primeiro” Diz a sabedoria popular. A sabedoria do tempo que vai ultrapassando gerações, que vai tocando vidas, que aqui e ali vai despoletando novas emoções.
Mas ainda diz quem sabe, que pode-se amar uma segunda, uma terceira, talvez até mais…?
Mas há um silêncio que responde apenas com o desviar do olhar, quando mergulha numa onda e se deixa levar por uma maré de lembranças cada vez mais distante mas insistentemente saudosas.
Já não tanto desse amor sentido com todo o fulgor de um coração que acaba de o descobrir aos 15, aos 18, aos 30 ou quem sabe aos 50, 60… A vida tem dessas coisas, não as podemos adivinhar nas estrelas nem nas linhas da mão.
É verdade que se pode amar de novo. Reafirma  com convicção quem já amou mais de uma vez.
A resposta não se faz esperar, ela surge numa espécie de brisa, discreta, quase inaudível mas consistente no seu sentir magoado. “Depois do primeiro amor tudo será diferente, já sabemos que os sentimentos não são eternos, que as palavras não são verdades absolutas, que nem os sonhos são perfeitos. Perdemos a ingenuidade, perdemos a esperança, perdemos a fantasia que nos faz acreditar no futuro, no nosso futuro.
Depois, já não há descobertas ansiosas por mais revelações, e há um constante sinal de alerta, que nos prende à razão.
Que nos agrilhoa o coração já não voar nos ternos enleios da paixão, começa-se a dar passos pequenos, passos que sondam o seguinte e a firmeza do chão.
Em cada começo há um pouco do final anterior. Em cada princípio há um fim que nos ensombra o peito. E dizemos para nos desculpar, que faz parte do crescimento, que é  a maturidade dos sentimentos, escondendo de nós esse nevoeiro que nos invade a alma, numa saudade de um amor que já vivemos e sobretudo da pessoa que um dia fomos, límpida de ideais, constante nos afectos, que conjugava o verbo amar num horizonte de infinito”.
No entanto volta a erguer-se a voz da sabedoria com lições de vida que só o tempo ensina, e, com uma firmeza que faz estremecer as nossas dúvidas. Eleva-se dos confins oceânicos, ressoa dos choques tectónicos, clama do magma que explode em vulcões de sensatez, “segue em frente!” Parecem dizer. “Não olhes para trás!” Insistem. “Há uma página em branco à tua espera!”. E por fim quando as nuvens se afastam, há um sol que nos parece sorrir, como se dissesse “Não há amor como o primeiro nem tão feliz como o último”. 
Quanto a mim, confesso que nada sei, que nesta vida ainda não aprendi todas as lições, mas o tempo que é tão velho que nem sabe o tempo que tem, deve saber o que diz, por isso o melhor é seguir-lhe o conselho: "viver tudo como se fosse a primeira vez e acreditar como se fosse a última".