sexta-feira, 1 de março de 2013

Post.it: Os meus 25 anos


25 anos, onde andam os meus? Escondidos naquela ruga mais profunda que ladeia os lábios, onde antes estava um sorriso. Perdidos entre os cabelos onde a melanina vai rareando. Coloco-me ao espelho, perscruto com curiosa ansiedade vestígios desses anos, mas não os encontro.
“Estão ali!” grita o coração em pulos de alegria. “Onde, onde?” Pergunta a alma saudosista. “Ali, ali, não viste aquele brilho flamejante que espreitou no canto do olho?”
 “Qual quê, era uma lágrima de nostalgia a espreitar” Suspira a alma em desalento. “Tu e o teu pessimismo, qual lágrima, qual quê! Sei bem o que vi, era uma luz, a luz dos 25 anos. Conheço-a bem, é alegre, cheia de uma felicidade desbravadora, repleta de sonhos, corajosa, tem poucas mágoas para trás e um futuro luminoso pela frente.” A alma devolve-lhe um olhar benevolente enquanto lhe diz com ternura,  “Pobre coração, ainda acreditas nisso? Vives num mundo de fantasia. Sabes bem que os 25 anos não são assim tão felizes. Queres voar mas cortam-te as asas, queres sonhar mas não te deixam dormir. Queres construir um futuro mas tiram-te as (ferramentas). “Minha pobre alma, sempre tão negativa”, replica o coração. “Por acaso esqueceste a fé destemida que te fazia ver o sol quando chovia, que te fazia colher flores mesmo que fosse Inverno?”. “Sim lembro-me desses tempos, mas também me lembro dos fracassos e dos espinhos dessas flores”.
“Minha alma amargurada, deixa-me que te diga que se semeaste otimismo, se plantaste sementes de paz, se disseste o que pensavas quando pensaste bem no que dizias, se te esforçaste por ser cada dia melhor, então fica certa que viveste bem a vida. Uma vida que ela te retribuiu ensinando-te que a vontade constrói-se, a bondade aprende-se e a felicidade está em valorizar o que se tem sem se tornar infeliz pelo que não se pode alcançar.
“Coração amigo, sempre bom companheiro de jornada, tens razão no que dizes, afinal já não tenho 25 anos mas me resumo feliz.”