quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Post.it: Simplificando a questão


Às vezes, ao escutar a conversa das crianças, questiono com  alguma nostalgia, por onde se perdeu a singeleza das palavras e das ideias mais puras? Quando começámos a compor verdadeiros enredos de uma curta-metragem para a mensagem que queremos transmitir? Porque criamos tantos argumentos para explicar o óbvio? Porque caminhamos em círculos quando a recta sempre foi o trajecto mais curto?
Devíamos reaprender com as crianças a fórmula mágica de dizer o que sentimos e dessa forma chegarmos directamente ao entendimento que desejamos, sem discussões, sem falsas modéstias, sem indirectas. Explicamos e voltamos a explicar sem no entanto conseguirmos chegar ao âmago da questão. Na maior parte das vezes não se trata de uma questão profunda, de resolução difícil, mas complicamos o simples na tentativa falhada de a tornar mais clara e evidente. Evidente para quem? Para nós, sem dúvida alguma, porque para o nosso interlocutor cada explicação só gera mais confusão.
 Ossos do ofício dirão os professores, habituados a ensinar. Raciocínios fundamentados dirão os filósofos, habituados a divagar. Tudo em prol da justiça e da verdade dirão os advogados, habituados a arguir. Ou simplesmente os teimosos, convencidos, em suma, chatos, habituados a impor as suas ideias que já ninguém consegue ouvir. Porque não é a sua verdade, porque não é a sua opinião, porque não entendem, porque não são entendidos.
Então, caímos num silêncio magoado, já nada conseguimos dizer, já nada queremos escutar.
Olhamos para as crianças, num misto de surpresa e inveja, porque elas com um vocabulário reduzido conseguem atingir o seu objectivo, conquistar a sua meta, sem violência, sem gritos, sem lágrimas. Como? Questiona a nossa mente formatada pela condição de adultos. Talvez com um sorriso, um encantador sorriso que nos diz tudo o que o coração precisa de saber.

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