quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Post.it: Desde o primeiro fôlego


Podemos dizer adeus mais de uma vez. Tantas quantas o coração o permitir. Tantas quantas o rumo da nossa vida o conduzir. Tantas quantas os desencontros o redefinirem. Tantas quantas as venturas nos levarem para novos futuros, novos projectos. Mas o que nos define é o antes desse adeus, antes de partir, de mudar, de começar ou recomeçar. Porque é mais cómodo ficar, porque é mais seguro permanecer, porque temos medo do desconhecido, adiamos, protelamos a vida numa gaveta onde escondemos os sonhos, por medo de os sonhar. Estreitamos os objectivos, dilatamos as metas. Esboçamos um sorriso quando nos lembramos do tempo em que desejávamos tudo para ontem, quando ambicionávamos que tudo acontecesse no hoje. Quando podíamos deixar para amanhã. Porque havia sempre um amanhã, esse que se estende num tempo, que se derrama sem termos dele percepção.  Encontramos cada vez mais requintadas formas de conformismo. Até que num momento, num impulso de arrojo, abrimos a gaveta e permitimo-nos sonhar de olhos abertos.
Porque nesse dia descobrimos que podemos dizer adeus mais do que uma vez, mesmo quando dizer adeus nos magoa. Uma dor que nos ensina a suplantar cada obstáculo. Tudo passa, sussurra-nos o vento dançando nos nossos pensamentos, acariciando-nos os sentimentos. Tudo passa, porque somos feitos de tempo, de coragem, de alento. Do primeiro fôlego ao último suspiro.

Sem comentários:

Enviar um comentário