terça-feira, 9 de outubro de 2012

Post.it: O banco vazio


Quantos espaços vazios temos na vida, quantos locais que desejaríamos partilhar, suponho que muitos. Lugares que vamos guardando no peito, recantos que em momentos escolhidos nos acolhem e nos preenchem com um pouco de sonho quando a noite ainda vem longe…
“Quando vejo aquele banco vazio, lembro-me de ti. Não porque algum dia te tenhas sentado nele, mas precisamente por essa tua ausência neste banco, na minha vida.
Acho que ficarias bem no enquadramento da paisagem, esse teu olhar outonal, esse silêncio que me ofereces e que me sabe a repetidos invernos de solidão. Essa solidão que me desenhaste no peito desde o dia em que o meu olhar se cruzou com o teu e num fugaz momento nele permaneceu. Ainda me embala a alma essa lembrança e, um sorriso ilumina-me frugalmente o rosto, porque tenho desse momento, guardada no peito a mais representativa imagem de felicidade que jamais vivi.
E no entanto, o banco permanece vazio, não me atrevo a sentar-me nele, apesar do cansaço do corpo já me fazer esse generoso convite, não me sento, porque sei que esse banco não é meu, e que aguarda o teu regresso. Não sei há quantos outonos aguarda, já os deixei de contar. Sei apenas que são muitos para quem espera, mas poucos se a espera for por ti.”

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