segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Post.it: Continuo a sonhar-te...

"Ainda sonho contigo". Redige com mão trémula, cansada de escrever cartas que nunca chegam ao seu destino. “Ainda sonho contigo”, relê e continua a sua escrita, “e esta é a minha maravilha ou o meu pesadelo. A forma como te lembro, a forma como te esqueço com o tempo. Porque os anos passaram mas nada muda o facto de teres feito parte do meu passado e ainda me revisitares no presente, neste presente que promete ficar indefinidamente para o futuro.
E tu sonharás comigo, guardarás num minúsculo recanto da tua memória a lembrança da minha existência? Gosto de pensar, de desejar que sim, para me confortar de que o que vivemos teve algum significado, que não fui apenas uma nuvem passageira, num céu, por certo, composto de muitas outras nuvens, mais belas, mais leves ou, por certo, mais permanentes. Nuvens que te protegeram do sol ou que te revelaram a gentileza da sua luz.
Ainda sonho contigo, depois de tanto tempo, de tantos verões, de tantos invernos, depois de tantas águas que deslizaram nos rios, de tantas folhas caídas sobre o solo. Claro que existiram outros sonhos, bem melhores, mas o teu ficou, não me perguntes porquê, essa pergunta já me fiz sem obter resposta.
Todos os meus sonhos tiveram o seu tempo e o seu lugar, acabaram por partir, na hora certa, só o teu ficou... Porque é contigo que gosto de sonhar, de olhos abertos, talvez na esperança de um dia te encontrar, num qualquer, cruzamento da vida. Pergunto-me como estarás, porque na minha mente, no meu sentir, contínuas igual, com a mesma beleza, essa, que só eu conseguia ver em ti, enfim, coisas do coração”, escreve com um suspiro.
“Por vezes ergo o olhar, procuro-te no céu, no vento, por entre as árvores, no espelho dos rios, nas ondas do mar, nas pegadas de areia da praia, mas há outros dias em que caminho com os olhos baixos, não por estar triste, mas porque tenho receio de te encontrar e de não te reconhecer na diferença que os anos te delinearam no rosto, e que depois do reencontro, sempre que a noite chegue, adormeça, sem conseguir voltar a sonhar-te...


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