terça-feira, 30 de outubro de 2012

Post.it: Evasão de Manet


Este quadro, este bote de salvação, este mar que é caminho, encheu-me o olhar, encheu-me o peito de evasão.
Se ao menos tivesse um bote para me levar mais longe, a esse lugar, onde, dizem, mora a felicidade. Se ao menos tivesse um bote talvez fosse capaz de remar nessa direcção.
Se ao menos tivesse um bote, sei que encontraria um sentido para este mar que me inunda de turbilhão a alma e de solidão o peito.
Podia ser pequeno, podia ser frágil, desde que navegasse, e derrotasse todos os obstáculos. Sem motor, sem velas, sem tábuas, sem vento, sem corrente, mas com vontade  de me navegar, de me levar, numa evasão, numa saída para longe, muito longe, lá onde só os sonhos chegam nos seus botes de maresia. Lá onde a noite pode adormecer serena e despertar num sopro de brisa, e as nuvens escrevem histórias felizes não sei se verdadeiras, mas que nos fazem acreditar nessa possibilidade com se fosse concreta.
Se ao menos tivesse um bote de esperança para me evadir desta prisão com paredes de realidade e grades de obrigações. Desta argamassa civilizacional que tudo sabe exigir e tão pouco oferecer…
Este mar, sempre este mar, que queremos reproduzir na tela para o guardar como se fosse o nosso bote de alento.

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