sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Post.it: Os nossos Invernos


“Os Invernos crescem entre nós”. Dizes isso como se te esquecesses das Primaveras. Daquelas em que plantávamos flores no nosso jardim de sonhos.
Que importam os Invernos se mergulhámos na frescura marítima de todos os Verões da nossa vida. Talvez já tenhas esquecido dos Outonos  de contarmos as folhas que caiam das árvores como se fossem estrelas de desejos. Porque tínhamos muitos desejos  para realizar e todas as folhas não chegavam para atender a todos eles.
Porque te agarras aos Invernos de agora, vazios de nós, gelados no peito, quando tivemos muitos outros que nos inundavam o corpo e alma de um calor que era só nosso, como se fosse um segredo, um tesouro que não queríamos partilhar.
Mas tu, que só tens Invernos frios na memória dos dias, vais vendo passar a vida num cais que é apenas de partida. Constróis pontes de uma só estação sem deixares que a sucessão das outras venha dar-te um novo olhar.
Quem me dera ter para te dar, um raio de sol, uma nuvem de esperança para que a mais ténue lembrança viesse envolver-te num abraço de paz e renovação. Porque quem passa por nós não cria precipícios de angústia mas pontes serenas que unem as margens doces do passado com a perspectiva luminosa do futuro. Não deixes que o Inverno te seja eterno, porque há sempre uma primavera a querer florir e um caloroso verão a espreitar.