sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Post.it: Eu e o pensamento


Por vezes, sou só eu e o pensamento num diálogo de silêncios. Porque já não é preciso falar, já nos conhecemos há tanto tempo, já rasgámos a pele, já partimos ossos nas quedas, já colámos os pedaços da alma, já recompusemos mil vezes o puzzle do coração, já trilhámos juntos um caminho feito de momentos, muitos que recordamos de quando em vez para sorrir, para chorar, antes que as lembranças se tornem asas de tempo a perder-se pelo vazio do infinito.
Por vezes, sou só eu e tu, numa solidão que precisamos de partilhar para nos reencontrarmos no que fomos e planear o que seremos. Porque isto de viver à toa, sem rumo nem beira, não nos leva a lugar algum e nós precisamos de partir para ter onde regressar.
E nesses encontros de nós em que estando, não nos sentimos sós, damos um abraço de ideias, erguemos sonhos como bandeiras ao vento, gritando num eco de ressonâncias, ainda um dia vivermos acordados os sonhos que o sono nos permite conhecer a dormir.
Sei que sim e tu também sabes, é uma certeza que nos faz permanecer aqui, que nos faz levantar todos os dias a âncora da esperança para navegar por mares de incógnitas, afinal, o sol continua a brilhar no horizonte, mesmo quando alguma nuvem mais cinzenta lhe quer roubar a luz que nos energiza.
A brisa continua a soprar mesmo quando o vento a insufla de vendavais. E as andorinhas regressam todos os anos em bandos felizes para anunciar o renascer da natureza mesmo que o inverno insista em nos gelar as madrugadas. 
Sigamos-lhes o exemplo, e acreditemos que a primavera voltará a florir e o coração a sorrir mesmo depois um final que nos dá a oportunidade de um recomeço.

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