terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Post.it: Gente com história


Gosto de gente com história, que me faz sentir pequenina, que me faz voltar a ser menina, com o olhar deslumbrado, com o peito em sobressalto querendo adivinhar o final e desejando que o conto seja eterno de tão triste, de tão belo.
Histórias de gente do povo, das tradições, da simplicidade, da pureza, dos valores da terra. Essa cultura oral que passava de geração em geração crescendo um pouco em cada boca, em cada coração que a partilhava como se fosse um tesouro. “No meu tempo…” É o começo da história e segue pela noite fora e ainda espreita pela madrugada ao sabor da memória.
Aconchegava-me no carinho, escutava a sua história como se fosse a primeira vez, depois de já a ter ouvido mais de 100 vezes. Mas fingia que desconhecia aquela aventura, afinal já não era eu quem precisava de a escutar para aprender a crescer, era ela que precisava de a contar, de a contar para não esquecer.
Porque a sua lembrança já começava a ser criança.
Gosto de gente com história, quando a tua voz pausada me embalava o serão e aconchegava de mansinho o coração.
Esse gesto de avó que nos toca o rosto e, como que por magia afasta de nós o desgosto.
Gosto de gente com história, a herança de uma vida que agora perpetuo, e se um dia não tiver histórias minhas, vou contar as tuas. Já vejo o olhar deslumbrado das crianças e o teu sorriso em mim.

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