segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Post.it: Ciência e mito


A espécie humana é curiosa por natureza, tem nos seus genes a angústia existencial de todos os porquês. Para sobreviver tenta a todo o custo construir um sistema minimamente coerente que dê inteligibilidade à sua vida. 
No seu eterno dilema a razão cria raízes sólidas na terra enquanto a emoção o leva a planos de ilusão ou talvez não. Sem se sentir verdadeiramente integrado num universo que lhe permita semear e colher sementes de esperança, o ser humano não consegue sobreviver. Ele tem de construir, de encontrar pontes, de estabelecer laços comuns com os que o rodeiam. É aqui que o mito encontra terreno fértil para se sedimentar, para ganhar força e sentido, para se tornar real. 
Mas também é aqui que a humanidade o desafia com as armas da ciência, com os argumentos da experimentação. Tanto o mito como a ciência tentam explicar o que existe, mas ambos são construções humanas, precárias, válidas enquanto mantiveram a sua coerência. São semelhantes, são opostas. 
A ciência desmitifica o imaginário, mas só por si não chega para encher a alma do homem, ávido de cores, de longínquo, de tudo o que ele tem no seu imaginário.
A inter-relação existirá? Certamente que sim, a ciência desconstrói o mito, mas precisa dele como ponto de partida na sua ânsia de verdade. 
A ciência é quase magia que se concretiza na experimentação e o mito será sempre uma aureola mágica da nossa ancestralidade, da nossa história, da nossa cultura.
Não pesquisem tudo, não descubram tudo, nãos destruam tudo, afinal, a maravilha da humanidade está na capacidade que tem de criar utopias.
 Porque na realidade mito e ciência não existem, apenas existe o homem. Esse ser construtor compulsivo de verdades científicas e sonhador impenitente de fábulas míticas.
Sem verdades a vida é uma eterna incoerência de dúvidas mas sem sonhos, a vida perece de tristeza.

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