quinta-feira, 21 de junho de 2012

Post.it: Quando o verão se despedia


Hoje que o primeiro dia de verão nos presenteia com a sua chegada, que nos convida a renascer das sombras e encher de sol a alma, lembrei-me de falar de um final de verão…
Nasci, quando o verão já se despedia, quando as andorinhas já ensaiavam os primeiros voos da partida. O sol começava a deitar-se mais cedo e a lua pendurava-se de mansinho no céu, enquanto as estrelas cintilavam com um olhar irrequieto que contestava o  precoce anoitecer. Nasci quando o verão já se despedia, quando as férias acabavam e já cheirava a mochilas novas, a livros por estrear. Quando as roupas coloridas eram de novo arrumadas para dar lugar a outras mais quentes e de mangas compridas, cobrindo o bronzeado, essa caricia do sol sobre o corpo, então,  o pensamento levava-me para luminosos areais e mares que no seu doce balanço me convidavam a um mergulho acalentador. Mas chegara a hora de fechar as folhas do romance, aquele que sempre levo para me fazer companhia numa fresca sombra, mas que nunca leio porque o espirito ávido de aventura perde-se continuamente por entre a maresia da praia, o voo feliz das gaivotas e a perfeita união entre o céu e o mar.
Nasci quando o verão já se despedia, não que isso me entristeça, até porque gosto do ciclo renovado da natureza, mas ficou-me na memória genética esta herança de despedida que  constantemente se repete no meu viver. E tudo aquilo que abraço com fervor acaba um dia, mais tarde ou mais cedo por me deixar os braços vazios, enquanto a lembrança fica cada vez mais repleta de saudades, por este nascimento que surgiu quando o verão já se despedia.
No entanto,  recolho as folhas de outono, seco as chuvas de inverno e abraço com alegria as flores da primavera enquanto aguardo a chegada do verão. 
Porque em cada despedida haverá sempre uma nova chegada.

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