sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Post.it: Um rosto lê-se

O rosto, essa  tela  de vida  que  surge  despida  perante  nós, não existe apenas para ser pintado mas para ser lido como um livro aberto que nem é preciso folhear, as noites e os dias encarregam-se disso.
Lemo-lo nos silêncios, nas linhas retas e curvas, nas mais ténues e nas mais profundas. Nas frases que saem do olhar. Nas palavras sussurradas que esvoaçam no respirar, como um vento, como um lamento.
Não, não o coloques entre as mãos, não lhes escondas a beleza mais profunda, não te envergonhes de cada ruga, exibe-a para que a possamos tomar como exemplo como lição de coragem. Não feches os olhos, porque precisamos de encontrar neles o nosso caminho, aquele que sabemos que podemos seguir porque tu já o aplanaste para nós. Não voltes o rosto para o horizonte como se fosses voar para bem longe, como se o mar te chamasse para uma derradeira viagem, regressa… Olha-nos de frente, deixa-nos ler na sombra do teu rosto, a possibilidade de uma luz que há de voltar a brilhar.
Um rosto lê-se e, leio no teu, generosidade. Leio-a na gentileza dos traços e descubro quem és, mesmo não sabendo o teu nome, de onde vens, para onde vais. Sei apenas o que o teu rosto me diz, quando me deixas ler nele, o teu coração.

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