quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Post.it: O livro que escolhi


Se tivesse que escolher um livro, seria difícil de eleger qual. Seria mesmo impossível selecionar apenas um, quando muitos já me acompanharam ao longo da vida, na pasta da escola, na lancheira do almoço, na viagem do autocarro, debaixo do braço, na relva de uma tarde, na duna de uma manhã, em todas as primaveras que floriam nas frases lidas, em todos os invernos cujos ventos ansiosos viravam rápidos as folhas na antevisão do final. Se tivesse que escolher um livro, talvez escolhesse aquele que me ofereceste e que nunca abri, com receio de ler nele, antecipadamente, todas as palavras que o teu olhar já distante me revelava e que eu fingia não entender. Ou aquele que ainda acaricio a lombada com o olhar, porque continua a adormecer na minha mesa-de-cabeceira, mesmo depois de já o ter lido inúmeras vezes. Ou ainda aquele outro, que te lia todas as noites,  quando te contava histórias para adormeceres e sonhares com um mundo perfeito, cheio de grandes heróis, fortes e imortais.
Se tivesse que escolher um livro, escolheria certamente  este que guardo escondido na alma, o meu diário, o livro da minha vida. Não considerem vaidade esta escolha, que de tantos livros preferira este, especialmente este. Bem sei que não será o mais belo, nem sequer terá conteúdo para se tornar num best seller, talvez lhe falte a história de um grande romance, talvez lhe falte a concretização de um sonho. Não terá grande argumento, mas para ser o melhor livro que já conheci, falta-lhe, sobretudo,  um happy end.

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