quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Post.it: Fronteiras


A fronteira delimita uma área administrativa, autónoma na sua história, na sua política, economia e cultura… emoções e formas de existir.
A fronteira estabelece uma cisão no caminho, um marco que podemos transpor, uma meta que podemos ultrapassar… um passo dado nessa direção.
A fronteira pode ser marcada por uma ponte, uma estrada, um muro, uma montanha… uma ténue linha de vontades.
Ficamos por detrás da linha, como se ela fosse um obstáculo intransponível. Erguemos barreiras que crescem para o céu, numa tentativa de o cindir. “Esta parte de azul é minha, preciso dela para estender os meus pensamentos nesse areal de estrelas”. Mas o céu não conhece fronteiras, nem línguas, nem cores, nem guerras, o céu cobre com o seu manto de paz todo o universo.
“Quero o sol, fica tu com a lua”, grita um sentimento de posse, de quem nada tem para agarrar de seu. Mas o sol sobe mais alto, foge-lhe do olhar e exibe a sua liberdade. A lua esboça um sorriso, também ela não nos pertence. 
Fecha os olhos, a única fronteira que consigo construir dentro do peito, afinal, “olhos não veem, coração não sente”. Abre-os de imediato, precisa de ver, de deixar a vida entrar-lhe pelas pupilas ansiosas desse “ar” que só a visão consegue absorver.
O coração como um sol ergue-se num suspiro, a alma como uma lua aconchega-se no peito e o céu da sua pacificação faz resplandecer a estrela do seu sorriso.
Não existem fronteiras, só aquelas que colocamos entre nós e os outros, aumentando a ilha da nossa existência.


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