segunda-feira, 16 de julho de 2012

Post.it: Voltei das férias...

Voltei das férias, voltei, mas não regressei a mesma pessoa. Pelo menos nos primeiros dias, na primeira semana, quem sabe até no primeiro mês, porque o corpo ainda sabe a mar e sente o desconforto de retomar as roupas habituais. Porque a alma, ainda esvoaçante não consegue aquietar-se e moldar-se à rotina do amanhecer quando o despertador o ordena. Porque os olhos, ainda repletos de azul sentem doloroso o olhar que embate a cada instante nos edifícios de betão. Mesmo quando aqui e ali tentam esquivar-se para espreitar por uma nesga fugaz, esse ínfimo espaço que lhes permite soltar um plangente suspiro de visão, não é o mar mas o rio que banha a cidade, mas dá para pacificar um pouco a saudade.
 Não é a mesma coisa! Grita exigente, o coração. Claro que não é, sobretudo para este coração que se espreguiçou no quente areal, que mergulhou nas águas quase serenas do oceano e que se deitou confiante nas ondas sentindo com o mar, uma comunhão de vida.
E o sol, esse astro que por mais que me digam que é o mesmo, não o acreditam os sentidos. Era mais brilhante, mais radioso, aquele que via nascer no imenso horizonte, enquanto a lua ainda permanecia alta no céu, acenando-lhe um adeus cheio de promessas de regresso. O sol acreditava e a lua voltava…
Este sol que ontem me deitou no regresso, não é aquele que vislumbrei num pôr-do-sol, lá bem na pontinha do continente, onde a terra abraça o mar, onde o mar se aconchega nesse abraço terrestre e ficam juntos a ver o dia partir, a ver a noite chegar…
Voltei das férias, mas ainda me sinto algures por lá… dançando no vento, caminhando na praia ainda deserta, conversando com as marés, apanhando conchas, construindo castelos de areia onde a esperança de infinitude possa morar.
Voltei das férias, ou, talvez não…

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