sexta-feira, 27 de julho de 2012

Post.it: O que traz o olhar


Agora que este blog não recebe comentários diretos por razões que me escuso de explanar, vou recebendo por email, telemóvel, sms ou presencialmente alguns. Observações que são elogios, incentivos, perguntas, respostas ou até reparos. Comentários que fazem crescer os simples post-it(s) para lhes conferir uma maior dimensão humana.
Perguntaram-me um dia, “Que traz o teu olhar? Mas não respondo, há palavras que não devemos pronunciar, não por medo ou covardia, mas porque são demasiado intimas, demasiado preciosas para que as leve o vento na indiferença das suas asas. Para que as afogue a chuva na sua última gota de inverno. Para que a derreta o verão com todo o seu calor que nem a brisa marítima refresca.
Porque ao dizê-las, deixam de ser apenas minhas e passam a ser de quem as recebe.
E, depois? O que farão com essas palavras? Cuidarão delas como eu cuidei? Alimentá-las-ão para que cresçam? Ou pelo contrário, deixarão que se percam irremediavelmente no vazio sideral? 
Não, não vou responder, não vou revelar o que traz o meu olhar, não abrirei a janela da alma, não mostrarei o caminho do coração. Terão que o descobrir sem a minha ajuda, terão de caminhar para mim, aproximar-se, mais, debruçar-se para ver.
Mas não bastará um passo, nem uma palavra, é necessário um reciproco olhar. Porque as coisas verdadeiras da vida não se realizam na distância. Não acontecem só porque se acede a uma rede cibernética. Porque os braços não abraçam através dum ecrã e o coração não tem uma tecla para se ligar e desligar.


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