quinta-feira, 19 de julho de 2012

Post.it: Bom dia mar



Bom dia, gaivota que já estendes as asas no vento. Bom dia, mar que já adornas a praia. Bom dia, dunas que ainda acalentam o luar. Bom dia, sol que começas a subir no horizonte. Bom dia, silêncio que embalas quem ainda permanece no enlaço dos sonhos.
É cedo, ousa suplicar, num pedido sempre recusado de que permaneça mais um pouco nela. É tarde murmura ele com voz de penumbra presa a uma ancora que não resiste  por mais tempo ao chamamento das sereias. De coração dividido aparta-se o abraço, que se estende até ao toque do último dedo desentrelaçado. Resta o olhar numa última caricia enquanto ele entra no barco e se confunde com a imensidão do mar.
Há de voltar prometem-lhe as ondas do oceano num aceno serpenteante e ela acredita, porque precisa de acreditar, para partir daquela praia e encarar o seu viver.  Acredita, mas não consegue conter a lágrima diária que lhe espreita no olhar. Já devia ter-se habituado, repete incessantemente aos seus pensamentos, mas olha a extensão oceânica e o coração aperta-se-lhe dentro do peito enquanto solta mais uma gota de saudade.
Bom dia, sol que o acompanhas lá do alto na sua longa jornada. Bom dia, gaivota que voas a seu lado e levas no teu voar todo o seu sentir para lhe oferecer. Bom dia, silêncio, não deixes que ele escute a sereia e fique enredado no seu canto sedutor. Bom dia mar, leva-o, sê caminho de partida, mas sobretudo de regresso.
Bom dia, praia deserta de outras histórias, de outros passos, além dos meus e daqueles que fazem do mar a sua vida, enquanto eu faço dele o meu descanso…

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