quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Post.it: O tempo do coração


O tempo passa, passa connosco, passa por nós. Leva-nos consigo, ou deixa-nos para trás. E mesmo quando o queremos parar, suspender, adiar para um momento melhor. O tempo prossegue alheio aos nossos desejos. Vai deixando em nós abraços que ficam no corpo, beijos que nos amaciam a pele, brisas que esculpem doçura no rosto. E um eco, que nos chama e incentiva a prosseguir o caminho. É um tempo que nos é exterior, que vai caracterizando os nossos dias, os nossos anos, que vai escrevendo na vida, a nossa história, a nossa permanência, a nossa passagem.
Mas dentro do peito, o tempo é imutável, permanece sempre idêntico, aconchegando o coração, amadurecendo-lhe os sentimentos, desenhando-lhe moléculas de esperança, e deixando fluir células alento. O coração não sente os dias marcados pelo decorrer mecânico dos ponteiros do relógio ou pelo despertar e adormecer do sol.
O coração marca o seu compasso pelo palpitar da vida que o faz acreditar que antes que a última badalada lhe soe na alma encontrará uma razão para ter permanecido sereno e guardião de um querer que um dia sentirá reciproco. Quando vai ser? O coração não questiona, continua a bater, continua a sonhar, continua a esperar. Porque para o coração não existe tempo.
 E mesmo que esse tempo corra lá fora, que o verão com o seu calor abrasador lhe  queira derreter a firme vontade, que o gelo do inverno o queria congelar, que a chuva o queira levar nos seus rios de esquecimento, nada pode apagar da memória do coração o nome daquele outro que ficou inscrito no ADN do seu  viver.

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