segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Post.it: O chique e o choque


Como me enjoa ouvir certas expressões de “moda” ditas num tom anasalado. Mas relativizando lá vou brincando com essas “dondoquices” e referindo que também falo num tom chique desde que fui operada ao nariz.
 A verdade é que me irrita solenemente ouvir o vocabulário que impera na boca de pessoas que querem, porque querem, sentir-se enquadradas num determinado grupo social. Lá compreender, compreendo,  porque ninguém gosta de ser socialmente um “excluído”, mas sinceramente este tipo de atitude dá-me alguma “alergia nos neurónios”.
Então fingem-se ricos, novos-ricos ou meramente pobres envernizados, mas pouco polidos.
Vou escutando aqui e ali, um “ror” de palavras sem sentido. Outro dia fiquei surpreendida ao ler a crónica de um famoso escritor da nossa praça, usar com ligeireza a expressão “ror” que me causa horror pela anulação do “h”. Mas depois lembrei-me que o tal escritor, também devia ser chique e relevei.
Enquanto isso lá  vão também “comendo” os r(s), tratando-se por queridas, e por meninas enquanto os filhos chamam tias às mães da amigas, sem contudo não terem nenhum laço parental além disso são exageradíssimas em tudo.  Quanto aos “r(s) omitidos, não entendo qual a razão, talvez não seja considerada  uma consoante chique no nosso alfabeto, mas a verdade é que a sonoridade  confere-lhes um modo de falar à bebé. “Hoje quando ia pa casa encontrei a Maria, estava um ror de magra. A menina  não imagina como ela está, envelheceu mil anos!”
Este foi o diálogo que escutei numa rua chique da capital. Ri-me por dentro e pensei, “imagino a inveja que a menina não deve ter sentido”, mas tenho a certeza de que ela me iria logo responder, “Credo! Eu? De todo…”
Já pensei seriamente em procurar uma gramática de português com vocabulário chique, para me manter actualizada. Mas depois de começarmos a escrever em “brasileirez” será que ainda  vamos ter sacrificar mais a língua pátria?
Quantos dizem que a língua portuguesa é “traiçoeira”, quando me parece que é cada vez mais “atraiçoada”…

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