terça-feira, 27 de setembro de 2011

Post.it: A escola

Estas paredes guardam ecos da memória, risos, histórias. Vidas em crescimento, caminhos ainda mal delineados. Esperanças vivas, espíritos ávidos por liberdade. A liberdade de crescer, de conquistar cada pedacinho de sol que sabem pertencer-lhes. Rostos que deixaram marcas, traços imperceptíveis nessas paredes, que a tinta tenta esquecer mas a argamassa teima em lembrar. Perguntam-lhe porquê essa teimosa recordação, saudades? Talvez, não o confessa, faz um imponente silêncio, ou talvez sejamos nós que não consigamos ouvir as suas confissões, apenas vemos a sua imponência, impenetrável na sua alvura. No entanto esconde em cada recanto um nostálgico sentir, por todos  aqueles que a tornaram vibrante de vida, de sons, de alunos que revelaram os seus segredos, que a tornaram quase num espaço maternal, a sua segunda casa, em muitos casos a única onde encontram apoio e carinho, nessa “casa” onde encontram segurança, estabilidade porque ela está cheia de ensinamentos, repleta de rumos que ali se começam a desenhar.
Depois o silêncio de cada final de ano, de cada partida, poderia dizer que eram momentos de uma  paz reencontrada, desejada, mas não, já se habitou ao frenesim das correrias, das brincadeiras, das confissões, dos sucessos e fracassos.
Agora esse sossego, essa monotonia,  um breve momento que lhe parece uma eternidade, até que o portão volte a abrir-se e a deixar entrar uma multidão de sorrisos. Novas histórias para ficarem registadas no âmago da sua existência. Então o sol volta a iluminar cada recanto, afastando a última nostalgia, porque é preciso recomeçar a escrever um caderno em branco, a desenhar em cada vida a estrutura dum caminho que o leve para um melhor futuro.
 Ano após ano, a escola é ainda revisitada por gerações  de alunos que por ali passaram,  e quando cai a noite, quando se fecham os portões,  escutam-se vozes felizes no ressoar das paredes.

7 comentários:

  1. Anónimo27.9.11

    Fiquei com saudades da escola, relembrei-me das suas paredes. Quantas histórias terá albergado?

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  2. Anónimo27.9.11

    Mais um texto com um assunto surpreendente, claro que estamos no inicio de um novo ano escolar mas é uma abordagem é realmente diferente. Gostei, está muito bem escrito, muito agradável na leitura. Um abraço Antero

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  3. Anónimo27.9.11

    Nunca tinha pensado nisso, mas agora que me transportaste para lá, encontro essa ressonância, esses risos que se ouvem nas paredes.

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  4. Anónimo27.9.11

    Já fui professora, já ouvi nas horas de silêncio estas gargalhadas. Por vezes ainda sonho com elas. Foram 36 anos da minha vida, tantos momentos bonitos, outros que já esqueci não foram tão agradáveis. Senti-me um pouco como aquela escola, está ali enquanto tantas vidas vão passando por ela. Quando reencontro os alunos, sinto que contribui um pouco no seu passado para a concretização do seu presente. Obrigada pelas recordações. Um beijo, Adelaide

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  5. Anónimo27.9.11

    Revi-me nesta história, senti-me na minha velha escola, quase tão velha como a da imagem. Tive saudades dos colegas, dos professores, do edifício, dos seus recantos que guardam tantas recordações. Bjs Amália

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  6. Anónimo27.9.11

    Lindo, lindo amiga. Que mais hei-de dizer, fico deliciada com o que escreves, com a multiplicidade de temas. Beijocas C.

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  7. Anónimo27.9.11

    Nunca gostei muito da escola, mas gostei das recordações desta Escola. Será que lhe deixei boas memórias? Era um miúdo muito irrequieto, mas também muito feliz. Luís

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