segunda-feira, 19 de fevereiro de 2018

Post.it: Gaivota de asa ferida

Não sei o que é feito de ti, de mim, em resumo, ando por aqui. Uns dias melhor, outros pior. Há dias de chuva, há dias de sol. Há dias cheios de histórias, acontecimentos que à noite, apenas quero esquecer no dormir. Há dias em que acontecem coisas tão boas, que à noite não quero adormecer, para não esquecer. Há dias em que me questiono sobre o objectivo do existir, sobre mim, sobre os outros, sobre a diferença, sobre a indiferença. Há dias em que sinto que sei todas as respostas e isso tranquiliza-me, por outro lado que sobre as que não sei, simplesmente aceito a forma como são e sigo em frente. No fundo a vida é isso mesmo, seguir em frente com maior ou menor dificuldade.
Há dias em que sinto que nada me derruba, sento-me imortal, construtora da minha vitória, sabe bem esta confiança quase inabalável, esta fé, esta coragem, esta alegria, esta… hesito um instante para a nomear e concluo num desabafo, esta felicidade!
Sim porque sou feliz, nesses dias, nesses momentos e celebro o sol por entre a chuva e as flores por entre os espinhos.
Mesmo que amanhã tudo seja diferente. Que o amanhã me roube este sentimento, que venha qual ladrão voraz e queira alienar-me do hoje, do ontem, daquele momento quase mágico, quase perfeito, ainda que essa força negativa venha usurpar as minhas recordações, tenho o agora, e ele está guardado em segurança dentro do meu coração.
Não sei o que é feito de ti, se ao menos, me deixasses cuidar  de ti, se ao menos viesses cuidar de mim, se chegasses  envolta de num manto de luz e amizade para me contares os teus segredos, aqueles que te fazem rir ou até mesmo os que te fazem chorar. A amizade é isso mesmo, a partilha de momentos de luz e de escuridão, se viesses, sei que os meus dias ficariam certamente mais completos com os teus…
Porque na verdade, sinto-me sempre incompleta, nesta ilha singular que nos vamos tornando.
Por companhia, as ondas do mar, os cais vazios, os barcos de redes lançadas, os pescadores sem horizontes, os navios fantasmas mergulhados no oceanos, os peixes em cardume, mas, por vezes ouço ou a minha solidão pensa ouvir o canto de uma sereia… De novo a realidade, uma gaivota irmã solta gargalhadas às asas da minha imaginação e eu batendo asas, procuro uma corrente de ar para fugir, para me encontrar...

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