quinta-feira, 11 de maio de 2017

Post:it: Poemas com rima

Gosto de poemas com rima, dá-me  uma sensação de coisa arrumada. Gosto da cadência fonética, quando os sons parecem chuva de inverno, umas vezes mansa e suave, outras em força e brusquidão quase impositiva como que exigindo que a deixem entrar.
E nós em casa, sequinhas vamos gozando com as gotas grossas que embatem na janela e deslizam até ao chão, derrotadas na sua intenção de chegarem até nós e nos encharcarem de água.  E nós sequinhas dela, um quase luxo, um verdadeiro prazer, o nosso lar quente, aconchegante e lá fora uma inundação de mágoas do céu que vão formando  um rio sem rumo descendo a rua pisada pelos passos da indiferença.
Gosto de poemas que contam uma história mesmo quando não é feita de vitória. Porque contam a vida, por vezes a nossa, escondida numa qualquer combinação métrica.  A vida que não se inventa, por vezes recria-se dentro de nós, recomeçamos, mas  sem a fantasia romanceada de um breve folhetim.  Poemas de quem passa e mesmo passando, fica, quando lemos, quando sentimos o seu toque na pele dos sentidos.
Gosto de poemas que têm emoção, que caminham sem pressa e chegam ao coração. Poemas de começo de tarde, que nos aquecem, que nos enchem de palavras embalantes e buquês de flores campestres. Poemas com alma que nos adornam com uma tépida calma, gosto da sua voz que nos invade cada recanto silencioso dos nossos torpores, dores e medos, trocando-os por encantos, e encantados prantos, que nos adormecem e anestesiam as paixões, razões e contradições dos seres que irremediavelmente somos.

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