segunda-feira, 15 de maio de 2017

Post.it: A ilha que sou

Por vezes imagino-me numa ilha, náufraga de sonhos perdidos, de fantasias perdidas. E nesse isolamento reencontro-me, sou-me parceira, amiga, sem contudo sentir de tudo o resto solidão. Há uma felicidade que me inunda, há uma paz que me aconchega. Deixo os passos na areia, sem outros por perto, regresso ao mesmo caminho só para lhes fazer companhia. Mergulho o olhar no oceano, ouço o seu doce murmurar em amena cavaqueira com o sopro do vento, conversam como se ninguém os estivesse a escutar, falam de tempos já perdidos por entre dunas de esperança. Eis que então, o mar  alteia uma crista de onda enquanto se ri de tão ridícula lembrança. A areia quente adorna suavemente o solo em volta das árvores num abraço tão familiar que nem o vento tem coragem para os tentar separar. Ao fundo uma montanha, não será muito alta, mas surge como que gigante perante a minha diminuta existência. Não sei se a suba, e se a subir não sei se a desça, gosto de a ver distante, encosta protectora das maiores tormentas, intempéries da terra e tempestades do mar. Lá de cima talvez veja tudo, este meu pequeno mundo, deserto de vidas humanas, vazio de existências vivas,  prefiro imaginá-lo grande, infinito, habitado pela bondade, pela consideração, dedicação, partilha e liberdade.

E nesta ilha que imagino estar, neste paraíso onde em certas ocasiões habito, de tanto a querer, de tanto a sonhar, sinto por vezes a maravilha de nos mais belos momentos tornar-me nela…

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