terça-feira, 2 de maio de 2017

Post.it: Há sempre uma outra primavera!


O inverno é mais belo quando se despede, porque fica dele a saudade, dos ventos que dançam nas árvores, das chuvas que nos encobrem as lágrimas e servem de desculpa para o riso adiado. Porque faz frio, porque me doem as mãos, a alma, o coração. Depois há a neblina, o denso nevoeiro, a solidão, a escuridão.
Mas quem esquece o calor da lareira ruborizando o rosto, o chá fumegante, a maciez de uma manta aconchegando o corpo. O livro que conta uma história diferente da nossa. A música que nos embala ternamente os sentidos.  
Mas eis o equinócio, odiamo-lo porque nos aproxima cada vez mais do verão, do seu intenso calor, da falta de brisas, do suor descendo em nós como se fossemos uma avenida de curvas e contracurvas, as roupas coladas à pele, as sombras na explanada todas ocupadas, os gelados que são frescos mas não refrescam e apenas nos oferecem dolorosas calorias, o mar convidando ao mergulho com ondas amigas ou traiçoeiras que nos abraçam mas também roubam vidas.
Ainda bem que pelo meio há uma suave pausa, um “feriado” no tempo, entre um adeus e um olá, a chegada branda e perfumada dos horizontes primaveris, a festa das andorinhas, o renascimento da natureza, os ovos despontando nos ninhos, o céu coberto de um azul brilhante, a vontade de olhar a vida com todas as cores do arco-íris, voltar a sonhar mesmo depois de acordar. 
E dentro do peito resplandece-me por instantes, a primavera de me sentir flor…

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