segunda-feira, 22 de maio de 2017

Post.it: Escapa-nos

Por mais atentos que estejamos escapa-nos sempre algo, aquele instante que, quem sabe, teria sido o melhor da nossa vida.
A vida é feita de coisas boas que nos escapam e de outras más a que nos agarramos tentando dessa forma, esquecer. Porque tudo o que existe, existe no tempo, um tempo que se manifesta e prossegue na sua contínua viagem sem se deter, indiferente aos nossos desejos, indiferente ao nosso próprio tempo. Por vezes, esse tempo, parece até, rir-se de nós, quando o deixamos escapar, sem o abraçar, sem o sentir a crescer em nós, como se nos fosse semente de esperança, de energia impulsionadora para algo que poderíamos fazer e não fazemos.
Nem sempre temos noção desses momentos, passaram tão depressa que os sentimos como sopro de vento, então dizemos, poderia ter sido mas não foi, poderia ter-nos acontecido mas não aconteceu. Será que não aconteceu, ou fomos nós que deixamos passar o momento a oportunidade, por distracção, por medo de agir, por confiança de que surgirá outra. “Não era para acontecer”, como nos acomodamos nessa ideia de conforto, assim, a culpa, nunca é nossa, mas do destino. Pobre cruzado e cruxificado culpado sem culpa formada e condenado sem julgamento. 
Talvez, na realidade, independentemente da nossa vontade, da nossa força, da nossa coragem em agarrar tudo o que a vida nos oferece ou aquilo que conquistamos, mas ainda assim, escapa-nos, consegue fugir de nós e deixar-nos com a desilusão de quem quer reter a areia entre as mãos mas acaba sempre com elas vazias.

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