sexta-feira, 11 de julho de 2014

Post.it: Pare, escute, olhe = Viva

“Pare e escute veja com atenção a mensagem que estão a querer transmitir”


Talvez aquela pedra que me fez tropeçar e dessa forma já não apanhar o autocarro e ali fiquei na paragem mais 15 minutos, inspirando de impaciência expirando de consolação. O olhar balouça entre o nada e o coisa alguma, depois fixa-se nas pessoas que entretanto vão chegando, consultam os relógios, os telemóveis, ajustam a roupa, compõem o cabelo. Saíram de casa com pressa, penso. Que pressa é esta que nos faz correr até tropeçarmos, até pararmos? Que vontade é esta de chegar a algum lado? Que necessidade é esta de atingir uma meta? Que desejo é este de construir caminhos, sonhos… Será apenas um impulso, um gesto de rotina, uma conquista, uma realização? Cada um terá certamente as suas razões, a sua história, a sua mensagem. 
Eu no meu mutismo escondo a dor da quase queda e começo a ver o lado positivo do incidente, o olhar, o ver os outros, o descobrir que há vida para além do meu horário, da minha pressa. Pressa de quê? Nem eu sei, sei apenas que vou, que sigo na marcha dos dias, que cumpro o meu destino, como se só ele me tivesse destinado sigo pela cadência do meses e anos até… 
Até encontrar aquela pedra, um obstáculo, ou uma nova forma de me reencontrar? Na verdade apetecia-me sair da paragem e naquele dia seguir por um caminho diferente, fazer coisas diferentes, ou simplesmente não fazer nada apreciar apenas o sol que se desenha no céu, as nuvens que contam história que nunca, a dança das árvores, o canto dos pardais, a alegria celebrante das andorinhas, o voo marítimo das gaivotas. Há quanto tempo não tinha tempo para ver e admirar a natureza e no entanto ela tem estado sempre lá, à espera do meu olhar, de muitos e muitos olhares que a vejam. 
Bom mas o autocarro já lá vem, está na hora de vestir a rotina nos dias, mas este dia, graças a uma pedra, foi único, foi diferente…
Pedras no caminho? “Guardo todas, um dia vou construir […]” não “castelos”, mas recordações de cada momento em que algo me fez parar para viver.


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