quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Post.it: O tempo não volta


Outro dia estava a fazer zapping no comando da televisão, quando me deparei com um programa que fomentava o reencontro de pessoas que no seu passado tinham namorado e por razões diversas, tinham seguido rumos diferentes. Parei um pouco nesse canal televisivo, assisti aos reencontros com alguma curiosidade. A sensação que o programa queria passar era a de que a felicidade perdida pode ser recuperada, independentemente dos anos que tenham passado. Mas o efeito não foi o desejado. Nesses reencontros, eram visíveis alguns constrangimentos, e muitas decepções no olhar. Constava-se que os jovens de há 40 anos, já nada tinham daquela lembrança que os levara guardar no baú das memórias. O tempo deixara vincado no corpo os caminhos palmilhados. O tempo deixara na alma a amargura das suas múltiplas vivências. Algures pelo longo trajecto da vida tinham perdido, a inocência do sorriso, a ternura dos sonhos e a beleza, não a física mas aquela que só um coração apaixonado vê. Enquanto que a lembrança de cada momento, permanecera ingenuamente emoldurada de esperança. Talvez o tempo nos ensine o que nos recusamos aprender agarrados a uma memória que tentamos insistentemente guardar.
O tempo não volta para trás, porque esse retorno significa, na maior parte dos casos o perder da ilusão com que compomos as lembranças. A perfeição com que vamos retocando aqui e ali esse passado alicerçado de saudades. Aquele programa de Volta ao passado, encheu-me de tristeza por todos aqueles que desejando recuperar o amor perdido, perderam-no duplamente, do seu passado e para o seu futuro. Este reencontro roubou-lhes definitivamente uma parte das suas vidas e deixou-os vazios destas recordações.
É bem verdade que o “tempo une e separa as pessoas” (...) e que “nenhuma força é tão grande para fazer esquecer pessoas, que por algum motivo um dia nos fizeram felizes”. Mas também é verdade que “as águas que passam não voltarão a passar”.
Tiremos de tudo isto uma lição, em vez de irmos atrás do tempo já passado, devíamos ir atrás do tempo futuro.

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