segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Post.it: Momento outonal


O outono já se avizinha e uma nostalgia invade-nos, não desse verão que está de partida, não dessa primavera que já se despiu das flores, mas de tudo o que planeamos e não concretizámos. Por todas as esperanças que caem das árvores do nosso ser, transformando-se em folhas secas. Contamos cada uma delas, são tantas que aos poucos nos abandonam.
E um silêncio cresce-nos no peito, esse indecifrável momento em que o sol escurece e não é a noite a chegar, mas a neblina outonal de uma saudade secreta que nos dói profunda na alma.
Desse sonho que passou de estação em estação carregado no corpo que já não o consegue levar mais longe. Quem sabe no inverno, grita o sonho numa súplica desesperada, mas a alma já lança um olhar de despedida, a esse sonho que se tornou uma nuvem pesada de lágrimas.
Essa chuva que tenta cair, mas os olhos fechados impedem-lhe a passagem, um pouco de autoestima, sussurra-lhe conselheira uma voz amiga, talvez a da última brisa de verão, ou da última rosa que lhe tenta eternizar a primavera em algum lugar recôndito do seu ser.
Entretanto o outono está à porta, vai  batendo de mansinho sem nos querer magoar. Que fazer? Pergunta o coração ao pensamento, seguir em frente responde-lhe este, incapaz de lhe roubar o derradeiro alento, e acrescenta, talvez na próxima primavera uma andorinha te devolva o sonho de “voar”.

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