terça-feira, 4 de setembro de 2012

Post.it: Lar, nosso lar


Onde moram as casas? Aquelas que nos abrem as portas para entrarmos e ficarmos até um dia, sem que esse dia chegue nunca. Mesmo que as janelas nos desafiem a outros voos, que nos criem ilusões de uma nova e bela paisagem, ficamos.
Afinal, não é todos os dias que encontramos uma casa que albergue generosamente as nossas manias, que aceite os nossos caprichos, que encha de sol todas as nossas manhãs e que nos aconchegue no seu conforto todas as noites. É certo que aqui e ali, vai manifestando o passar dos anos, uma parede que estala, um soalho que range, nada que um pouco de atenção e reconhecimento não cure, nada que um pouco de carinho não solucione.
Para quê mudar de casa, só porque esta já não tem a mesma aparência e o encanto das coisas novas que nos atraem com falsas promessas de conforto e felicidade?
Esta velha casa, já conhece todos os nossos segredos, as paredes têm nos seus poros esconderijos das nossas tristezas e das nossas alegrias, o chão nunca se queixa de ser mil vezes palmilhado pelas nossas noites de insónia. O teto que nos abriga condensa o calor da nossa história vivida a dois, as vigas continuam a ser firmes pilares, mesmo quando as nossas dúvidas nos fazem vacilar, quando a inquietude da nossa alma nos faz espreitar outras casas. Descobrimos sempre nelas a falta do seu calor, da sua cumplicidade, do nosso companheirismo, e regressamos, regressamos sempre para ela.


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