segunda-feira, 28 de outubro de 2019

Post.it: Perco-me

Tudo o que sou é nada, que tu transformas em algo de bom. E eu sendo tu, sou tão maior, sou tão melhor. Completa no existir, inteira no ser.
Tudo o que era: caminho que se derramava. Que se estreitava, que se perdia. Deserto por onde caminhava em busca dum oásis, mas sem esperança sequer de o vislumbrar.
 Tudo o que fui em esquecimento se transformou. Para quê ler as folhas escritas por outro batimento, um compasso que não tinha eco.
Tudo o que serei agora é contínua descoberta,  feita de dias, de luminosidades, de tonalidades, de sons partilhados, vividos em consonância perfeita com os hemisférios.
 Tudo o que sou,  esse nada, que renasceu da espuma do mar, cresceu em onda, foi maré, quem sabe um dia mar, oceano onde possa desenhar abraços por toda a  amplitude terrestre.
Tudo o que sou é sombra diluída dos dias que contigo hei-de construir. 
Mas tudo isto é o sonho, uma voz quase inaudível de esperança, resquício de um luar que a manhã resgatou ao primeiro raio de sol, tudo é bom quando vem a seu tempo e nos permite vive-lo na sua plenitude. Quando uma lágrima não nos vem roubar o sorriso, quando uma dor não nos vem roubar o ânimo, quando tu, cujo nome pronuncio com receio de o profanar de egoístas desejos, chegas e te sentas a meu lado. Escuso-me de te pedir que fiques, que me ouças, que me entendas, quando sou eu, unicamente eu,  que me perco demasiadas vezes dos teus passos.


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