terça-feira, 14 de novembro de 2017

Post.it: A nossa história

Temos uma história, um passado, um presente, uma história feita de histórias, como se nos fossem degraus para chegarmos mais adiante. Somos a nossa história, escrita nas células do viver que por dentro lhe vão dando sentido. Que por dentro nos vão erguendo muros de separação, ou construindo pontes de união. Tudo se passa aqui, algures, entre o cérebro e o coração, entre o querer e a razão. Por vezes há uma sintonia, um encontro de ideais, uma harmonia e nesse instante, nesse mero instante, tudo faz sentido. Como se víssemos para lá do finito que a vista alcança, um horizonte que só o sentir consegue revelar-nos. 
Por isso, nem que seja só por isso, por esse instante de luz interior, tudo vale a pena é o nos identifica, nomeia, compõe. Temos afinal uma missão, que talvez não seja feita de heroísmos, de grandes dádivas, sacrifícios, é antes um encontro, não aquele que tão ansiosamente procuramos, mas o que tão discretamente encontramos ou que nos encontra. Nesse  mediar  existir ente a luz e a escuridão, entre as cores mais luminosas e os tons mais pálidos e cinzentos, aprendemos a subsistir, a sorrir. 
Enquanto nos dizem, que toda a dor passa. O tempo tudo cura. Mas não passa, mas não cura, apenas muda de nome, apenas muda de tom. E já não dói tanto e já não se chama assim. Passa a chamar-se saudade. Passa a ser uma lembrança, uma memória, uma cada vez mais breve história. 
Afinal a dor passa, passa por nós e o que fica, torna-se ténue como um rasto de rio, que no seu percurso se vai transformando em ribeiro, em riacho, em pequeno curso de água, quase no fim em gota e depois em, pouco mais do que nada. 
Seca-se nos olhos, enquanto ainda escorre no coração e um dia passa a ser um consolador embalo. 
Afinal, o tempo que tudo cura, quando nos vai afagando as mágoas, com palavras de vento, com abraços de brisas.  Em nós vai crescendo uma história, a da nossa vida...


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