segunda-feira, 25 de setembro de 2017

Post.it: Este Outono

O outono bateu-me à porta, vinha suave, tímido, como um namorado arrependido. Não foi uma chegada mas um regresso, afinal, quantos outonos já conheci? Muitos, começo a somá-los, devagar, porque a dada altura da vida, já não se tem pressa, chega-se lá é a nossa cada vez maior convicção e por lá entenda-se a um destino que por vezes existe paralelo aos nossos desejos. 
No entanto, outono, o nosso outono, acrescenta em nós uma gratidão que nos era desconhecida nos áureos tempos de natural rebeldia. É normal, faz parte, de se começar a “crescer”, porque é isso que sente, um crescimento prazeroso. 
 Uma amiga que tenho sempre bem-humorada, começou a ganhar alguns quilinhos mais, fez dietas, todas as que ouviu na rádio, na televisão, na internet, fechou a boca, bebeu litros de água, por fim, reflectiu e desistiu, “não estou gorda, estou é cheia de sabedoria!”. 
Quem me dera ter a sua sabedoria humana, a sua capacidade de caminhar sobre as folhas de outono sem as amachucar, com a leveza da sua cordialidade. 
O outono bateu-me à porta, abri-a devagar com receio que as promessas de fidelidade, de carinho, de companheirismo não fossem cumpridas e que as folhas voassem no primeiro sopro de vento e ele entrou, sentou-se na minha sala com um sorriso renovado, pediu-me esperança e eu voltei a acredita, pediu-me confiança e eu confiei.  
Como negar-lhe que entre, que fique e que faça da minha vida a sua terna morada? Somos cada época, cada estação, florindo, rejubilando de sol, somos folhas que caiem para que se possam renovar, somos frio, vento e por vezes chuva, para que tudo comece, recomece, renasça e volte a ser com promessas mesmo que não cumpridas o melhor de nós.

Sem comentários:

Enviar um comentário