sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

Post.it: Escrever

Escrever é traduzir para um código convencional, o que vemos, o que sentimos. É plantar nos outros a responsabilidade de se deixar tocar por cada semente de palavras que ecoam dentro do peito. 
Se não germinar, talvez seja culpa de quem escreve por não ter escolhido a melhor forma de oferecer cada partícula do seu sentir. 
Talvez seja culpa de quem lê por não ter em si desperto o código de sensações prontas a reconhecer o outro quando ele se lhe oferece. 
Talvez, não exista uma culpa nem um culpado e simplesmente seja intraduzível o que somos, o que sentimos, a forma como vemos o mundo à nossa volta. 
Talvez seja indizível a emoção que em certos grandes e pequenos momentos nos invade o ser. 
Talvez seja inexprimível o deslumbramento monumental que sentimos perante a mais pequena flor que nasce no solo mais árido e aparentemente do nada. 
Talvez seja inexpressável o momento fugaz em que a felicidade nos enche de plenitude. 
Talvez seja inexplicável a palavra que nos traça um rasto no caminho. Simplesmente, seguimo-lo, na esperança de a encontrar, de a pronunciar, de a viver. E com ela descobrir o sentido que nos faz continuar a escrever.




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