sexta-feira, 12 de setembro de 2014

Era uma vez: Vida

Era uma vez…
Um grão pequenino, caído na terra.
Veio a chuva, o vento. Vieram o sol, as nuvens, a chuva e outra vez o vento.
No segredo da terra, o grão já era rebento, a  fazer-se raiz à procura do sustento e caule em busca de luz.
Nasceu, pequenino, verde, encarquilhado.
O sol sorriu-lhe e aqueceu-o
Ele espreguiçou as folhinhas enroscadas no caule e recebeu a luz e sentiu a frescura da brisa e bebeu do orvalho da manhã.
Confiou na terra, no sol, na chuva, no vento e deixou que a fizessem erva alta, a crescer em busca do céu. Frágil, bailando na brisa, depressa se fez forte, sustendo o esboço de espiga, querendo ser trigo.
E em redor, milhares, talvez milhões iguais a ela, um mar de verde a brilhar ao sol e a ondular ao vento. Verde, muito verde, à espera, confiando no sol que haveria de torná-la seara dourada.
E o verão chegou. Intenso, quente, luminoso.
A seara, dourada, bailava na brisa, à calma da tarde.
E a espiga, crescida baloiçava-se feliz, no topo do fino caule, debruçada sobre a terra que a fizera nascer.
A erva alta deixava-se embalar pelo vento e ouvia os grãos a crescerem na espiga, com ânsia de se fazerem pão. E ela, cansada, sentia uma alegria que não podia explicar.
Seria o sol? Seria o dourado da seara? Seriam os grãos a crescer?
Não!
Era simplesmente a vida, vivida, sentida, cumprida!
Deixou-se ficar serena, à luz da tarde, a saborear essa vida que recebera e agora oferecia.
E sorriu, de felicidade, simplesmente por existir.

Nota: Dedico este pequeno texto a Olhares, pelo seu aniversário. PARABÉNS, pelo que é, pelo que escreve e pelo que oferece à vida de todos nós.

Sem comentários:

Enviar um comentário